A invasão russa da Ucrânia tornou prioridade a questão da segurança coletiva na Europa. A Finlândia e a Suécia querem, por exemplo, intensificar as relações com a NATO e ponderam entrar na organização militar. Agora, mais um país demonstrou vontade de o fazer: a República da Irlanda, que manteve uma posição de neutralidade face aos conflitos externos durante mais de 100 anos. 

Um porta-voz do Assuntos Europeus do governo irlandês, Neale Richmond, admitiu, ao The Telegraph, a entrada do país na organização militar, devido à “máquina de guerra de Vladimir Putin”. O Presidente russo “potencialmente forçou a Irlanda a abandonar a estratégia de 100 anos de neutralidade militar”, reconheceu o responsável.

“Só porque [um país] se diz neutral, isso já não importa [para a Rússia]. A Ucrânia era neutra”, apontou Neale Richmond, que destacou que a opinião da população mudou, após a invasão do Kremlin. Aliás, o governo irlandês está sob pressão, de modo a enviar armas para a Ucrânia, mas o executivo recusa-se a fazê-lo, devido à política de neutralidade levada a cabo pelo país.

Também o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, assumiu que “a longo prazo” a Irlanda “poderá absolutamente juntar-se à NATO”. Apelou ainda a um aumento das despesas na área militar — um pré-requisito para o país entrar na organização.

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Irlandês abalroa portões da embaixada russa com camião. “Na Irlanda gostamos de justiça”

A legislação irlandesa apenas permite o abandono da neutralidade se o governo e o parlamento assim o entenderem. Mas também é necessário uma resolução das Nações Unidas — algo que é improvável que aconteça, no conflito que opõe a Rússia à Ucrânia, por causa do veto russo no Conselho de Segurança da organização.

Nos últimos dias, as manifestações a favor da Ucrânia têm-se multiplicado por todo o país. Esta segunda-feira, um camião chegou mesmo a arrombar o portão da embaixada russa, em Dublin. O condutor acabou detido, informou a televisão estatal irlandesa, RTE.

Ameaças da Rússia não surtem efeito: Finlândia e Suécia cada vez mais inclinadas a pedir adesão à NATO

Por sua vez, também a maioria da população da Finlândia e a Suécia está a favor da entrada dos países na NATO. A invasão da Ucrânia e as ameaças diretas da Rússia foram duas das razões que levaram a esta mudança de opinião dos dois países nórdicos, que até agora se mantinham — tal como a Irlanda — neutrais.