A maternidade de um hospital pediátrico foi esta quarta-feira atingida por um ataque aéreo em Mariupol. O governo da região de Donetsk indicou que pelo menos três pessoas (incluindo uma criança) morreram e 17 ficaram feridas, estando as autoridades à procura de vítimas entre os escombros.
Ao jornal The Telegraph, uma médica que está a ajudar na distribuição de mantimentos por todo o país, avançou que “muitas mulheres, recém-nascidos e pessoal médicos foram mortos”.
A denúncia do ataque foi feita por Volodymyr Zelensky, através das redes sociais. O presidente ucraniano publicou um vídeo que mostra a destruição que resultou do ataque e atribuiu a “atrocidade” a um “ataque aéreo das tropas russas”. “Durante quanto mais tempo é que o mundo vai ser cúmplice e vai continuar a ignorar este terror?”, questionou Zelensky, pedindo, mais uma vez, o fim das mortes na Ucrânia.
Mariupol. Direct strike of Russian troops at the maternity hospital. People, children are under the wreckage. Atrocity! How much longer will the world be an accomplice ignoring terror? Close the sky right now! Stop the killings! You have power but you seem to be losing humanity. pic.twitter.com/FoaNdbKH5k
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 9, 2022
Já ao final do dia, Zelensky falou novamente sobre o ataque aéreo. O presidente da Ucrânia disse que este ataque é um “genocídio” e que as tropas russas estão a bombardear escolas, hospitais e igrejas. E apelou aos europeus para que condenem estes “crimes de guerra russos”.
“Europeus, vocês não são capazes de dizer que não viram o que aconteceu com os ucranianos, o que aconteceu com os moradores de Mariupol. Vocês viram. Vocês sabem.”
“Nós não fizemos e nunca faríamos nada semelhante com este crime de guerra a nenhuma das cidades de Donetsk, ou qualquer outra região”, acrescentou.
Além de Zelensky, também o seu conselheiro, Mykhailo Podolyak, utilizou as redes sociais para partilhar um vídeo para mostrar aquilo que resta agora da maternidade, onde estavam crianças e mulheres em trabalho de parto na altura do ataque aéreo. “Não será isto suficiente para fechar o espaço aéreo a mísseis? Não será um argumento para parar com as mortes?”, questionou Podolyak.
Mariupol is being erased by RF shells on our eyes. A direct blow at the maternity center has happened. Women in labor and kids are under the wreckage. Instead of new lives – deaths. Won't it be enough to close the ???????? sky from missiles? Isn't it an argument to stop the killing? pic.twitter.com/lwUNrg4AkV
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 9, 2022
Esta cidade portuária tem sido atacada nos últimos dias e, segundo as autoridades locais de Mariupol, os danos deste ataque foram “colossais”, apesar de ainda não ter conhecimento do número de vítimas.
Além disso, o ataque aconteceu num momento em que tinha sido decretado cessar fogo para que os civis pudessem sair desta cidade. Nos últimos dias, verificaram-se várias tentativas para retirar cerca de 300 mil civis de Mariupol, mas estas fracassaram sempre. De acordo com os número do governo ucraniano, morreram nesta cidade 1.170 civis desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
Horas mais tarde, Boris Johnson condenou o ataque aéreo, dizendo que o Reino Unido vai ajudar a Ucrânia a defender-se. “Vamos responsabilizar Putin pelos seus terríveis crimes”, disse o primeiro-ministro britânico.
Também a ONU falou sobre o que aconteceu esta quarta-feira. Stephane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas, referiu que nenhuma unidade de saúde “deve ser um alvo”. A ONU e a Organização Mundial da Saúde pediram ainda para que unidades de saúde não fossem atacadas.
Ao final do dia, o secretário-geral das Nações Unidas falou sobre o ataque aéreo, considerando ser um ato “horrível”. “Os civis estão a pagar um preço elevado por uma guerra que não tem nada a ver com eles”, escreveu António Guterres no Twitter. “Esta violência sem sentido tem de parar”, acrescentou.
Today's attack on a hospital in Mariupol, Ukraine, where maternity & children's wards are located, is horrific.
Civilians are paying the highest price for a war that has nothing to do with them.
This senseless violence must stop.
End the bloodshed now.
— António Guterres (@antonioguterres) March 9, 2022