Centenas de pessoas juntaram-se esta quinta-feira em Lisboa a exigir o fim da guerra na Ucrânia, condenando a invasão russa, mas também quem lucra com o conflito, numa ação promovida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC).
A ação, no Largo de Camões, no centro da capital, decorreu debaixo de chuva e de críticas à guerra, às sanções, e aos que se aproveitam para enriquecer vendendo armamento ou que se militarizam a pretexto da guerra.
Com o tema “Parar a guerra, dar uma oportunidade à paz“, a ação aconteceu também noutros pontos do país, com os manifestantes em Lisboa a empunharem bandeiras azuis ou brancas, com uma pomba desenhada e com a palavra “paz”.
Uma grande faixa com a frase “parar a guerra dar uma oportunidade à paz” sobressaiu na ação, marcada por vários discursos, como o de João Coelho, da CGTP, que condenou os “falcões da guerra” que na Europa se reúnem para aumentar o armamento e os que estão agora a enriquecer vendendo mais armas.
Erica Ribeirinho, da associação de jovens “Projeto Ruído” falou também do aumento do armamento, disse que os Estados Unidos se estão a aproveitar do conflito na Ucrânia para vender mais armas, e Ilda Figueiredo, presidente do CPPC, condenou os que incentivaram e alimentaram a guerra e que agora promovem sanções.
“A paz não se alcança com mais sanções“, disse a responsável, salientando que Portugal não deve alinhar com os que querem perpetuar a guerra.
Em declarações à Lusa, Ilda Figueiredo, que é uma destacada dirigente do PCP e é presidente do CPPC há mais de uma década, disse que a organização e todas as outras presentes não apoiam o Presidente russo, Vladimir Putin, que discordam da guerra e que a manifestação desta quinta-feira foi no sentido de dar “uma oportunidade à paz”.
É uma iniciativa “que pretende lutar pela defesa da paz e dizer não à guerra”, porque “é preciso parar a guerra urgentemente na Ucrânia, é preciso dar uma oportunidade a paz”.
“Não podemos aceitar que se continue a deitar achas para a fogueira de uma guerra que tem intervenientes que estão mais apostados em fazer a guerra do que em fazer paz. Queremos que haja um cessar-fogo imediato, que exija negociações e que exija entendimentos, para que aquela zona tenha segurança e condições para o povo viver em paz duradoura”, disse à Lusa.
E Portugal, o Governo e todas as entidades pela defesa da paz, deve esforçar-se para que haja uma paz na Ucrânia, na Federação Russa e em todo o mundo, porque os povos “estão fartos” de guerra.
A ação desta quinta-feira foi promovida pelo CPPC com mais 35 organizações e decorreu em várias cidades, prometendo Ilda Figueiredo que as ações vão continuar nos próximos dias e semanas por todo o país, “porque o povo português está cansado também da guerra” e está solidário “com o povo ucraniano e com todos os povos que sofrem guerras e agressões”.
Américo Ramos é um exemplo. Apesar da chuva viajou da Moita para o centro de Lisboa e mesmo com a guerra longe gostava que o que se faz no largo de Camões se oiça e que ajude.
“Talvez os gritos [das manifestações pela paz] consigam abafar o estoiro das bombas, a indiferença é que não ajuda, a ação ajuda”, disse.