Nunca atravessa a estrada fora da passadeira? Pára sempre no semáforo amarelo? Programa as suas viagens ao minuto para que nada (ou quase nada) lhe escape do controlo? Ou atira-se de cabeça para uma aventura e gosta de desafiar o perigo? Existem pessoas mais prudentes e outras mais temerárias. A verdade é que, de uma maneira ou de outra, há uma série de coisas menos boas – e quase sempre imprevisíveis – que podem acontecer-nos ao longo da vida. Se tivesse que imaginar quais os riscos a que poderá estar sujeito, quais diria? Foi isso que o Laboratório Santander – uma experiência sobre saúde quis saber, na segunda experiência social que promoveu, para ajudar as pessoas a tomar decisões mais racionais sobre saúde.

No âmbito desta experiência social, oito participantes foram desafiados a escolher um superpoder que os protegeria para sempre de uma determinada situação. Entre as várias opções surgem, por exemplo: proteger-se de um acidente de avião ou afogamento? De uma doença de coração ou atropelamento? De uma picada de inseto ou engasgamento? De um assalto ou doença respiratória? Se já está a fazer contas de cabeça e a escolher o seu superpoder, pense bem: está a decidir com base em quê? O que está a influenciar a sua decisão? Segundo Diogo Gonçalves, investigador especialista em tomada de decisão e ciência comportamental, “todos temos medos que influenciam as nossas ações e decisões”. Por isso, é preciso perceber se “sabemos avaliar bem os riscos” ou se “o nosso cérebro nos prega alguma partida”.

Os cérebros da maioria dos participantes na segunda experiência social do Laboratório Santander – uma experiência sobre saúde também lhes pregaram partidas. Quase todas as escolhas recaíram sobre o acidente de avião em vez do afogamento, assim como, preferiram proteger-se de um atropelamento do que de uma doença de coração e escolheram a picada de inseto em detrimento do engasgamento. Tal como explica Diogo Gonçalves, “a maioria escolheu a superproteção com base nos medos e não numa análise de probabilidades”. E a prova está nos números: “é 18 vezes mais provável morrer engasgado do que com uma picada de inseto”, refere o especialista em ciência comportamental. No mesmo sentido, existem “94 vezes mais probabilidade de vir a morrer com uma doença do coração do que num atropelamento”. Segundo o investigador especialista em tomada de decisão, “tememos as coisas que recriamos mais facilmente na nossa mente”. A ciência comportamental explica esta tendência como um “enviesamento da vivacidade”, ou seja, “uma falha lógica que nos faz atribuir maior probabilidade aos eventos que são mais fáceis de imaginar”. E, claro está, a imaginação é muito diferente da realidade. Por isso, se precisa de tomar uma decisão importante sobre a sua saúde, use os factos.

Definir prioridades: é coerente entre o que diz e o que faz?

Numa vida cada vez mais agitada, é fundamental saber definir prioridades. Faço uns trabalhos extra para ganhar mais dinheiro ou vou para casa passar mais tempo com os meus filhos? Vou cozinhar uma refeição saudável ou como qualquer coisa rápida num takeaway? Invisto num seguro de saúde ou espero que nada de mal me aconteça?

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Ter saúde e viver durante muitos anos costuma estar no topo das prioridades da maioria das pessoas. Mas será que agimos de acordo com os nossos objetivos? Na terceira experiência social do Laboratório Santander – uma experiência sobre saúde, os oito participantes foram unânimes em dizer que dão prioridade à saúde e que, para isso, têm cuidado com a alimentação. Será? A verdade é que, da teoria à prática, às vezes, vai um longo caminho. E, muitas vezes, nem temos noção que o que estamos a dizer não corresponde inteiramente à realidade. Para testar se os argumentos dos participantes correspondiam às suas ações, o Laboratório Santander – uma experiência sobre saúde ofereceu um lanche onde podiam escolher entre uma peça de fruta ou um chocolate. Resultado: 5 em 8 pessoas escolheram o chocolate. Estariam a mentir? São hipócritas? Incoerentes? Não. São humanos. Como todos nós. Tal como explica Diogo Gonçalves, investigador especialista em tomada de decisão e ciência comportamental, em muitas tomadas de decisão somos afetados por um “enviesamento do presente”, ou seja, uma “falha lógica que nos leva a privilegiar ganhos pequenos no presente em vez de ganhos maiores no futuro”, até porque o presente é algo “concreto” enquanto o futuro é mais “abstrato”. Portanto, se, de facto, cuidamos da nossa saúde – ou acreditamos que o fazemos – mas decidimos ficar sentados no sofá em vez de ir ao ginásio, comer batatas fritas em vez de legumes, beber um refrigerante em vez de água ou esperar até ficarmos doentes para fazer um seguro de saúde, estamos a ser afetados por este enviesamento. Ora, pense lá um pouco: quantas vezes deixou que o seu cérebro o enganasse? E – mais importante ainda – quantas vezes mais vai permitir que o seu cérebro o engane?

As três experiências sociais do Laboratório Santander – uma experiência sobre saúde – “Sabemos prever o futuro?”, “Sabemos avaliar riscos” e “Sabemos priorizar o que é importante” – vieram demonstrar a mesma conclusão: todos somos afetados por enviesamentos que afetam as nossas decisões. E, se a ciência já o comprovou, cabe a cada um de nós fazer as melhores escolhas naquilo que é mais importante para nós. E há alguma coisa mais importante do que a saúde? Faça a escolha certa. E, se ainda tem dúvidas, veja por si.

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