A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) identificou 22 situações de violência contra pessoas com idade superior a 65 anos na Madeira, entre 2020 e 2021, disse esta sexta-feira o presidente da instituição, João Lázaro.
“O número é representativo de um fenómeno de subnotificação”, indicou o responsável, referindo que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de “80% dos casos de violência não chegam a ser reportados”.
João Lázaro falava na Comissão de Saúde e Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Madeira, no âmbito de uma audição requerida pelo PS, maior partido da oposição regional, sobre a violência contra os idosos no arquipélago.
O presidente da APAV esclareceu que a violência contra pessoas idosas é cometida, na maioria das vezes, por familiares ou pessoas próximas das vítimas, incluindo os cuidadores.
“Este fator é determinante na dificuldade acrescida que as pessoas idosas, vítimas de crime ou violência, têm em reportar a situação às autoridades ou mesmo em recorrer a serviços de apoio”, explicou João Lázaro aos deputados da Comissão de Saúde e Assuntos Sociais, presidida pelo socialista Élvio Jesus.
E reforçou: “Quando o agressor é familiar, as vítimas apresentam maiores níveis de vergonha e de reconhecer que estão a ser ou foram vitimizadas por alguém que elas próprias criaram”.
O presidente da APAV disse que as vítimas identificadas na Madeira são oriundas de todos os concelhos, mas não especificou quais as localidades com mais casos reportados.
A Comissão de Saúde e Assuntos Sociais já ouviu sobre esta matéria o comandante da Polícia de Segurança Pública na Madeira, Luís Simões, e a presidente do Instituto de Segurança Social da Madeira, Micaela Freitas.