“O jogo vai ser disputado”, dizia Gersinho, treinador do Sporting. “O jogo vai ser equilibrado”, dizia Marcel Matz, treinador do Benfica. Se dúvidas ainda existissem depois dos três dérbis na presente temporada que acabaram sempre com triunfo dos “encarnados” mas em duas ocasiões só na “negra” (na Supertaça logo a abrir a época e na Luz, nesta segunda fase do Campeonato), os técnicos faziam questão de colocar a tónica na imprevisibilidade do resultado em mais um jogo entre ambos, desta vez o primeiro em 2021/22 no Pavilhão João Rocha, mesmo sabendo do teórico favoritismo dos campeões nacionais. E as últimas semanas dos dois conjuntos aumentava essa possibilidade de haver um encontro mais aberto a todos os níveis.
Do lado dos encarnados, as contas eram fáceis de fazer: em caso de vitória, a equipa dependia apenas de si para acabar a segunda fase na liderança e poder beneficiar mais tarde da vantagem do fator casa na fase a eliminar das decisões. No entanto, as dificuldades nos últimos encontros tinham sido mais visíveis, com cinco das 12 vitórias em 13 jogos até ao dérbi a serem conseguidas na “negra”. “Conseguimos algumas vitórias mas com muita dificuldade. Tivemos de jogar muito bem e esforçarmo-nos. A expectativa é de um jogo nesse nível. Estamos na reta final da época. Falta este jogo para fechar esta fase, depois vem a Final Four da Taça de Portugal e o playoff do Campeonato Nacional. Vai ser muito duro e temos de estar dispostos a dar tudo o que temos. Precisamos da vitória para finalizar em primeiro e poder decidir em casa”, referia Matz.
Entre os leões, talvez mais do que nunca, surgia um espírito de total abertura e zero pressão sobre a partida depois de terem assegurado a terceira posição do Campeonato atrás de Benfica e Fonte Bastardo e estarem já a preparar a Final Four da Taça de Portugal, onde irão defrontar mais uma vez o rival lisboeta. Os dérbis são sempre partidas muito discutidas e com muita intensidade. Acredito que este jogo vai ser assim também. Esta última jornada não muda em nada à nossa posição na classificação do Campeonato, estamos em terceiro lugar e em terceiro lugar ficaremos, ganhando ou perdendo este jogo. Vou colocar jogadores em campo que não têm tantos minutos e recuperar outros que precisamos para a Taça de Portugal”, explicara Gersinho.
Era assim que chegava o 21.º dérbi desde 2017/18, altura em que o Sporting selou a época de regresso da equipa sénior masculina à modalidade com uma vitória no Campeonato nas vantagens da “negra” do quinto e último jogo. E com um domínio avassalador dos encarnados, que a partir daí e em 20 jogos oficiais entre o Campeonato, a Taça e a Supertaça tinham ganho 18. Este não foi exceção. E, além de assegurar o primeiro lugar na segunda fase e correspondente fator casa no playoff, o Benfica voltou a mostrar que faz a diferença em relação a todas as equipas nacionais incluindo Fonte Bastardo por não falhar nos momentos chave.
A entrada em jogo dificilmente poderia ter sido melhor para o Sporting, que depois de uma vantagem de 5-1 logo a abrir conseguiu um avanço de seis pontos que foi dando margem para gerir da melhor forma entre os erros incomuns do ataque dos encarnados, numa mistura de fatores que levou ao 25-17 no primeiro set. No segundo parcial a história mudou, os visitantes estiveram mais consistentes na receção e no ataque e não falharam no momento da verdade, anulando uma boa recuperação dos leões que chegaram a estar a ganhar por 22-21 para fecharem o set com um ataque para fora e um bloco que fizeram o 25-23 final.
O terceiro set voltaria a assumir uma especial importância no dérbi e mais uma vez a experiência do Benfica acabou por fazer a diferença até mesmo nos melhores momentos dos leões: os encarnados foram tendo algumas pequenas vantagens, os verde e brancos responderam, conseguiram o improvável de levar tudo para as vantagens evitando três bolas de parcial (24-21 para 24-24) mas perderam por 26-24. Estava dado o passo decisivo para mais um triunfo, selado no quarto parcial por 25-18 depois de uma quebra da equipa verde e branca a meio do set que foi aproveitada da melhor forma pelas águias para dispararem na frente.