A notícia não surgiu com grande surpresa. Afinal, dias antes e na sequência da eliminação que afastou os Tampa Bay Buccaneers do Super Bowl, a comunicação social norte-americana tinha dado como certo o fim da carreira de Tom Brady. No primeiro dia de fevereiro, surgiu a confirmação: depois de 22 épocas e sete Super Bowls, o melhor jogador da história do futebol americano ia deixar os relvados. 40 dias depois — apenas 40 dias depois –, tudo mudou.
Este domingo, para surpresa de praticamente todo o universo desportivo, Tom Brady anunciou que mudou de ideias, voltou atrás e ainda vai jogar mais uma temporada nos Buccaneers. “Nestes dois meses, percebi que o meu lugar ainda é no campo e não na bancada. O meu tempo vai chegar. Mas ainda não é agora. Adoro os meus colegas, adoro a minha família que me apoia. Eles tornam tudo isto possível. Vou voltar para a minha 23.ª temporada em Tampa. Assuntos por acabar”, escreveu o atleta no Twitter, garantindo desde já que vai continuar a competir, pelo menos, até aos 45 anos.
These past two months I’ve realized my place is still on the field and not in the stands. That time will come. But it’s not now. I love my teammates, and I love my supportive family. They make it all possible. I’m coming back for my 23rd season in Tampa. Unfinished business LFG pic.twitter.com/U0yhRKVKVm
— Tom Brady (@TomBrady) March 13, 2022
Curiosamente, um dia antes de anunciar que vai voltar à NFL, Tom Brady esteve em Old Trafford a assistir à partida entre o Manchester United e o Tottenham e conversou longamente com Cristiano Ronaldo — que, nesse mesmo dia, assinou um hat-trick que lhe permitiu tornar-se oficialmente o melhor marcador da história do futebol no que toca a encontros oficiais. Num vídeo no Instagram que rapidamente se tornou viral, Ronaldo parece perguntar a Brady se tem certezas sobre o fim da carreira. A resposta do norte-americano não é audível (ainda que pareça ouvir-se um one more, “mais um”…) mas o momento, tendo em conta o que se soube no dia seguinte, não deixa de permitir imaginar que o encontro com o capitão da Seleção Nacional poderá ter tido alguma influência na decisão do quarterback.
Há cerca de mês e meio, quando anunciou o suposto fim da carreira, Tom Brady garantiu que era tempo de se dedicar à família. “Sempre acreditei no futebol americano como uma proposição all in — se não existe um compromisso a 100% não vais ser bem sucedido, e o sucesso é aquilo que eu tanto adoro no nosso desporto. Existe um desafio físico, mental e emocional todos os dias que me permitiu maximizar o meu maior potencial. E eu dei o meu melhor nestes últimos 22 anos. Não existem atalhos para o sucesso, seja no campo ou na vida. É difícil escrever isto mas aqui vai: eu não vou voltar a fazer esse compromisso competitivo. Adorei a minha carreira na NFL e agora é tempo de concentrar o meu tempo e a minha energia noutras coisas que requerem a minha atenção”, escreveu, na altura, o jogador.
Na próxima temporada, Tom Brady volta a aceitar o desafio de ir atrás do oitavo Super Bowl da carreira, o segundo com os Tampa Bay Buccaneers, para alimentar ainda mais o estatuto que tem enquanto G.O.A.T, greatest of all time, o melhor de todos os tempos. Longe de ser um predestinado, Tom Brady foi a escolha 199 na sexta ronda do draft de 2000 da NFL, aterrando nos New England Patriots, onde acabaria por tornar-se uma autêntica lenda. Em 2020, de forma inesperada, mudou-se para os Tampa Bay Buccaneers e ainda foi a tempo de vencer mais um Super Bowl. No entretanto, somou títulos e recordes: é o jogador com mais Super Bowls, sete, o único quarterback a ter conquistado o Super Bowl em três décadas diferentes, o mais velho a ganhar e a ser MVP, o único a ter sido MVP com duas equipas diferentes e o dono dos registos máximos da NFL em jardas, passes para touchdown, jogos e vitórias.