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Devo usar máscara? E o que faz quem tem asma? Sete perguntas e respostas sobre as poeiras vindas do Saara

Este artigo tem mais de 2 anos

Ventos a norte de África trazem para Portugal poeiras que causam irritação das vias respiratórias. Especialistas aconselham o confinamento e o uso de máscara. Quem tem asma deve ter cuidados extra.

As partículas do deserto do Saara entram na Europa pelo sudeste de Espanha e chegam a Portugal pela região Centro
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As partículas do deserto do Saara entram na Europa pelo sudeste de Espanha e chegam a Portugal pela região Centro

As partículas do deserto do Saara entram na Europa pelo sudeste de Espanha e chegam a Portugal pela região Centro

As imagens parecem retiradas do filme “Blade Runner”, mas não: as poeiras depositadas em cima dos carros e a atmosfera cor de laranja que invadiu esta terça-feira o céu português são o resultado de uma tempestade que se abateu no norte de África e que está a sacudir para estas bandas as areias do deserto do Saara.

Se tinha pensado que a época das máscaras respiratórias já estavam a ficar no passado pandémico, desengane-se: os especialistas concordam que elas também ajudam a filtrar estes pós e que são especialmente úteis para quem já sofre de problemas respiratórias. Mas quem não os tem também deve ter cuidado. Saiba quais.

Porque é que o céu está cor de laranja?

Uma massa de ar proveniente dos desertos do Norte de África, nomeadamente o Saara, está a invadir a região ocidental da Europa. Essa massa de ar transporta poeiras em suspensão no ar que estão a atravessar Portugal Continental e a afetar sobretudo as regiões Norte e Centro.

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O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já explicou que estas poeiras estão a chegar a Portugal por causa da depressão Célia, uma região de baixa pressão atmosférica onde se registam ventos fortes que, no hemisfério norte, sopram no sentido contrário ao do ponteiro dos relógios.

A depressão Célia está neste momento centrada a oeste de Marrocos. Os ventos que este fenómeno meteorológico estão a causar varrem as areias do norte de África em direção ao ocidente da Europa, afetando sobretudo Portugal Continental, Espanha e França.

É o que explica Bruno Café, meteorologista do IPMA, à Rádio Observador. Questionado sobre a origem destas partículas, o cientista explicou que a depressão Célia está a provocar tempestades sobre o norte de África: “As poeiras são levantadas e ascendem à atmosfera”, descreveu.

IPMA indica que as “chuvas de lama” devem ser visíveis até quinta-feira

No tweet partilhado pelo serviço de meteorologia espanhol, pode ver-se uma imagem de satélite que identifica a cor de rosa e magenta as localizações com concentrações máximas de poeiras — que são as regiões Norte e Centro de Portugal, França e Argélia. As zonas vermelhas escuras evidenciam também uma nebulosidade considerada média e alta no país.

Está a ser assim em todo o país?

Enquanto Portugal Continental se debate com as areias do Saara, o arquipélago da Madeira regista ventos fortes, com rajadas que rondam os 110 quilómetros por hora, temperaturas abaixo dos 0ºC nos pontos mais altos, chuva forte, queda de granizo, trovoada, agitação marítima e mesmo neve nas zonas montanhosas, a pelo menos 1.400 metros de altitude.

Mesmo a região sul e parte do Alentejo estão a ser menos afetadas por estas poeiras por causa da rota que elas estão a cumprir. É que os ventos levantam as poeiras do Saara, mas sacodem-nas em torno do centro da depressão. As partículas entram na Europa pelo sudeste de Espanha e chegam a Portugal pela região Centro. O sul escapa assim a ser tão atingido pelas poeiras do Saara, mas não escapa aos efeitos da depressão Célia.

Até quando é que isso vai acontecer?

De acordo com o mais recente comunicado do IPMA, a fraca qualidade do ar que se regista neste momento em Portugal Continental deve manter-se até à próxima quinta-feira, 17 de março. O fenómeno vai coincidir com as previsões de precipitação nas próximas horas, o que pode originar uma “chuva de lama”.

(Para seguir a nuvem de poeira neste mapa deve selecionar na barra lateral do lado direito a opção ‘qualidade do ar’ e depois dentro de ‘mais camadas’ ativar a que diz ‘massa de poeira’. Depois, na barra inferior do mapa, consegue ver a evolução da nuvem do poeira pelos dias e horas)

De acordo com o IPMA, a “chuva de lama” deve registar-se este esta terça-feira e a próxima quarta, 16 de março, e será mais provável no sul de Portugal Continental — Baixo Alentejo e Algarve, especificou Bruno Café. Apesar de estar a ser menos atingida pelas poeiras, os meteorologistas preveem mais chuva nessa região do país até à próxima quarta-feira, precisamente por causa da depressão Célia. Por isso, as partículas em suspensão na atmosfera cairão à boleia das gotas de água.

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Estas poeiras fazem mal à saúde?

Sim. A Direção-Geral da Saúde diz que estas poeiras têm “efeitos na saúde humana”: as partículas que compõem estas poeiras têm até 10 micrómetros de diâmetro (0,01 milímetros), poluem a atmosfera e podem ser inaladas. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia também enviou um comunicado de imprensa a alertar para “a potencial influência desse fator na saúde respiratória da população, em particular dos doentes asmáticos”.

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A complicação de saúde mais comum entre quem fica exposto a este tipo de poeiras é a irritação das vias respiratórias, que causa tosse e espirros; ou dos olhos, que provoca lacrimação excessiva e um ardor. Para evitar estes problemas, fique em casa com as janelas fechadas e beba muita água.

A Agência Portuguesa do Ambiente indica também que “este poluente tem efeitos na saúde humana, principalmente na população mais sensível, crianças e idosos, cujos cuidados de saúde devem ser redobrados durante a ocorrência destas situações, devendo ser seguidas as recomendações específicas da Direção-geral da Saúde”.

Devo usar máscara?

Sim, deve, principalmente se tiver problemas respiratórios crónicos como a asma. É o que explica ao Observador a médica pneumologista Lígia Fernandes. A coordenadora da Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratória confirmou que “a utilização de máscara neste contexto é positiva”, mesmo já não sendo obrigatória ao ar livre à luz das medidas impostas para controlar a Covid-19.

As máscaras que nos habituámos a utilizar por causa da Covid-19 não impedem por completo a passagem das poeiras do ambiente para as vias respiratórias, mas filtram uma parte significativa delas. Quanto melhor a capacidade de filtragem das máscaras, menos partículas conseguem escapar e chegar às vias respiratórias. Por isso, o melhor é escolher uma máscara cirúrgica ou mesmo uma do tipo FFP2 em vez da máscara comunitária.

Tenho asma. O que devo fazer?

A Direção-Geral da Saúde (DGS) avisou num comunicado que as pessoas com quaisquer problemas respiratórios crónicos, incluindo asma, devem permanecer no interior dos edifícios, preferencialmente com as janelas fechadas. As mesmas recomendações aplicam-se a todos os outros grupos populacionais em situação de maior vulnerabilidade — crianças, idosos e pessoas com doenças do foro cardiovascular. E são reiteradas pela Socieadade Portuguesa de Pneumologia.

O grupo de pneumologistas também lança um apelo especial aos doentes com asma e rinite. A Comissão de Trabalho de Alergologia Respiratória reforça no comunicado para a importância do controlo destas doenças, nomeadamente com a “não existência ou aceitação de sintomas persistentes, limitação funcional nem agudizações”.

Eu não tenho problemas de saúde. Posso ficar à vontade?

Mesmo que não pertença a nenhum dos grupos populacionais mais vulneráveis apontados pelas autoridades de saúde, há cuidados que deve manter. A DGS considera que toda a gente deve evitar os esforços prolongados, limitar a atividade física ao ar livre e evitar a exposição a fatores de risco, como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes.

Todos os doentes crónicos devem manter os tratamentos médicos em curso — mesmo aqueles cujas condições afetam a função respiratória. Seja ou não uma pessoa saudável, se desenvolver sintomas de alguma complicação de saúde ou se eles agravarem, deve contactar a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24) ou recorrer a um serviço de saúde.

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