Num mundo tendencialmente verde surge agora uma alternativa que não é nova, mas revigorada: o autoconsumo. Tal como o próprio nome indica, o conceito é bastante básico. Na base do autoconsumo está a produção, através de energias renováveis, de uma parte importante da energia que consumimos. Se é verdade que o tema dos painéis solares não é novo, também é verdade que a tecnologia evoluiu muitíssimo nos últimos anos. Não só passou a ser mais fácil a sua instalação, com técnicas modulares que permitem uma adaptação quase caso a caso, como passou a ser mais barata. E mais: se antigamente o armazenamento dessa energia produzida implicava custos avultados, hoje em dia já é possível armazená-la com relativa facilidade em casas comuns. Deixamos, portanto, de estar dependentes de utilização direta – a energia solar que produzíamos era basicamente utilizada no momento – e podemos passar a ter uma reserva, estendendo assim os impactos destas instalações.
As vantagens que não vêm só na fatura
Não vale a pena fugir à questão central. A principal razão pela qual são instalados painéis solares é para reduzir o preço da fatura elétrica no final do mês. Neste capítulo, surge também uma novidade. Todo o excesso de energia produzido e não utilizado pode ser revendido à rede elétrica a um preço pré-acordado, sendo essa outra ajuda para rentabilizar este investimento.
Falando em investimento, os orçamentos dependem (e muito) do tipo de instalação desejada e das condições disponíveis para o fazer. Em casos como o Iberdrola Smart Solar pode até optar por pagamento a pronto ou pagamento a 36 meses sem juros. Mas qual é, na verdade, o prazo que demora a compensar? Fruto da poupança prevista, e sendo Portugal um país com condições perfeitas para painéis solares, o investimento pode estar pago entre 7 a 10 anos. Parece muito? Não se precipite. A melhor notícia é que, mesmo passados 25 anos, os painéis solares continuam a contar com cerca de 80% da sua capacidade inicial – e esta é uma norma europeia, não uma estimativa. Pelo que, no médio longo prazo, este investimento compensa largamente.
Este investimento torna-se ainda mais relevante num momento como o atual onde se prevê um aumento continuado dos preços nos mercados grossistas. Significa isto que, com o aumento de preços dos combustíveis fósseis, o autoconsumo hoje é mais rentável do que nunca. Quanto menos dependência de combustíveis tradicionais, menos volatilidade nas contas.
Entrevista a Pedro Torres, Diretor de Smart Solutions na Iberdrola Portugal
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O autoconsumo é para toda a gente ou requer um investimento significativo?
As soluções para autoconsumo Smart Solar são dimensionadas de acordo com as necessidades de consumo de cada cliente, pelo que os diferentes pacotes apresentam preços diferentes. A Iberdrola disponibiliza planos de pagamento de 36 meses sem juros e sem investimento inicial a partir dos 25€ mensais, exatamente para que estas soluções sejam acessíveis a um público maior.
Tecnologicamente, o que mudou nos sistemas de energia solar de há uns anos para os do presente? Que evolução houve?
A tecnologia solar fotovoltaica tem evoluído muito nos últimos anos, em todos os setores. No setor residencial, o fator da modularidade terá sido o mais evidente, dado que ao associar um microinversor a um painel solar é possível adaptar a potência instalada ao perfil de consumo de cada cliente, permitindo a instalação de sistemas fotovoltaicos abaixo de 1 kWp. Relativamente ao setor empresarial e industrial, a melhoria do desempenho e do rendimento dos painéis permite a produção de mais energia por m2, o que leva a uma redução do período de retorno do investimento. Para todos os setores, as soluções de armazenamento de energia, a gestão de excedentes mais eficiente e a possibilidade de integração com outros sistemas (Mobilidade Elétrica, por exemplo) são tecnologias que apresentam uma evolução muito rápida e positiva.
O Smart Solar pode ser instalado em todas as casas?
As soluções Smart Solar podem ser instaladas em todas as casas que tenham área apta à instalação e boa exposição solar. É quase sempre possível a instalação em vivendas que apresentem viabilidade técnica, mas em condomínios/prédios, por exemplo, dependerá da autorização dos restantes membros da assembleia do edifício.
Que impacto o autoconsumo pode ter no combate à crise climática?
A descentralização da produção de energia é um ponto muito importante no combate à crise climática. Toda a energia produzida e consumida localmente, através de fontes de energias renováveis – como é o caso de painéis solares para autoconsumo – reduz a necessidade de produção e transporte de energia através de fontes tradicionalmente mais poluentes que utilizam combustíveis fósseis.
Daqui a 10 anos cada cliente já estará a produzir grande parte da energia que consome?
Sim. Aliás, é já uma realidade. O desafio para os próximos anos é tornar possível que os consumidores produzam toda ou quase toda a energia de que necessitam, com o apoio de sistemas de armazenamento ou por meio de compra de excedentes de produção. Para isso, será necessário que o custo destas novas tecnologias se reduza, de modo a que sejam mais acessíveis para todos.
A economia de proximidade
No caminho para um mundo mais verde, a economia de proximidade está cada vez mais na ordem do dia. Por uma razão muito simples: quanto mais próximo consumirmos, seja qual for o produto, menores custos de transporte, menor gasto de combustível e consequentes emissões de CO₂.
Esta regra é válida para qualquer produto e a energia não é exceção. Reduzir o impacto do transporte de energia é urgente e a solução está, também, no autoconsumo. No caso da energia, esta problemática é duplamente válida. Não só reduzimos custos em transportes como se reduz a obtenção de energias através de outras fontes mais poluentes – com os combustíveis fósseis à cabeça. Produzir em vez de comprar. Esta é a regra que vai moldar o nosso futuro.