O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, disse esta quarta-feira que o Governo está “a avaliar” os apoios às indústrias conserveiras com o setor, mas sem “dramatizar”, pois as empresas são “sólidas” e há problemas transversais a toda a economia.

Estamos a avaliar a situação, as diferentes alternativas e vamos trabalhar em conjunto. Eu não tenho respostas ainda, porque estou a apalpar, de certo modo, o terreno, e isto tem que ser feito com os industriais, com as associações do setor”, disse o governante numa visita às conservas Ramirez, em Matosinhos, no distrito do Porto.

Apesar de Ricardo Serrão Santos reconhecer “o caráter de urgência que é preciso imprimir” face à situação de guerra e aos aumentos dos custos associados, pediu para “não dramatizar porque há soluções, de certeza, à vista”.

“Estas empresas são também sólidas. Temos empresas sólidas que têm de aguentar uns dias para fazer uma avaliação concreta do assunto“, vincou.

Em causa, no setor conserveiro, estão os aumentos dos custos da energia, do óleo de girassol (importado da Ucrânia e da Rússia) e do alumínio (também proveniente dos países em guerra), que têm feito aumentar os custos.

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O ministro descartou dar já “respostas concretas” quanto às medidas que poderão ser tomadas a nível europeu, especialmente na reunião de Conselho de Ministros das Pescas da União Europeia que irá ocorrer a 21 de março.

“Poderá haver perspetivas, há pontos de interesse e pontos que nós consideramos que podem ser saídas para este problema, mas não vou adiantar porque está tudo ainda em avaliação“, mencionou aos jornalistas.

Quanto à energia, Ricardo Serrão Santos recordou que “o Governo está a ter uma medida geral”, pois as conserveiras são um dos setores do tecido produtivo nacional, e aí “o Ministério da Economia está a tomar, juntamente com o Ministério das Finanças, medidas que são relevantes e importantes para este setor”.

O ministro assinalou também que foi publicada esta quarta-feira uma portaria, no âmbito do programa de fundos europeus Mar 2020, “para acompanhar as subidas de preços” nos orçamentos dos projetos.

A visita de Ramirez, que incluiu uma ida da comitiva às instalações da fábrica, contou com a presença presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro, e serviu para o ministro prestar “uma humilde homenagem” a Manuel Guerreiro Ramirez, antigo presidente da conserveira que morreu no dia 8 de março.

Morreu Manuel Ramirez, dono das conservas Ramirez, aos 80 anos

É uma espécie de homenagem a um homem que foi de facto um inovador, um criador, e levou a indústria das conservas para um outro patamar superior”, considerou, ladeado pelo filho Manuel, que sucede ao pai na presidência da empresa.

Ricardo Serrão Santos iniciou esta quarta-feira uma visita de dois dias pelo Norte do país, e nesta tarde visitará o museu das conservas Pinhais, também em Matosinhos, seguindo depois para Sabrosa e Vila Real, onde participará em atividades relacionadas com os 500 anos da circum-navegação de Fernão de Magalhães.

Ao início da tarde de quinta-feira, abrirá ainda o seminário “O Oceano e o Clima – Contributo Nacional para a década das Ciências do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030”, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).