A Rússia reafirmou esta quarta-feira que está disposta a aceitar uma cimeira entre o seu Presidente, Vladimir Putin, e o da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se o objetivo for para alcançar um acordo e não para “reunir-se por reunir”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, que falava após um encontro esta quarta-feira realizado com o seu homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, em Moscovo, acusou as autoridades ucranianas de pedirem negociações e reuniões sem estarem dispostas a chegar a um acordo.

O nosso Presidente tem afirmado repetidamente que não rejeita que tal reunião se realize. No entanto, estas reuniões não devem ser apenas para haver reuniões, há que chegar a um acordo”, sublinhou o ministro russo.

Lavrov, que já tinha dito anteriormente que um acordo com Kiev sobre as garantias de segurança exigidas por Moscovo podia estar próximo, insistiu, após o encontro com Cavusoglu, que o objetivo da Rússia continua a ser a desmilitarização da Ucrânia.

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O chefe da diplomacia russa denunciou que até agora a Ucrânia se recusou a cumprir os Acordos de Minsk, acordados em 2015 para tentar encontrar uma solução para o conflito militar entre os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia e o governo central de Kiev.

O ministro turco, por seu lado, voltou a mostrar a vontade de Ancara em organizar uma cimeira entre Putin e Zelensky.

“Há decisões que devem ser tomadas pelos líderes quando se chega a um consenso. Neste momento, gostaríamos de organizar tal reunião. Também dissemos isso aos ucranianos”, referiu Cavusoglu, que se reunirá quinta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano em Kiev.

“Não pode haver vencedores na guerra nem perdedores em paz”, afirmou o ministro turco, que apelou ao fim do “derramamento de sangue” no conflito na Ucrânia e pediu um cessar-fogo imediato para a cidade sitiada de Mariupol (leste) que permita a retirada de civis, incluindo cidadãos turcos.

Cavusoglu disse que a Turquia retirou até agora mais de 15.000 cidadãos turcos da Ucrânia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de 4,8 milhões de pessoas, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e fez pelo menos 726 mortos e 1.174 feridos entre a população civil, segunda dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, e muitos países e organizações impuseram à Rússia sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.