Numa altura em que se mostra mais otimista face às negociações com as forças russas, afirmando mesmo que são agora “mais realistas”, o Presidente ucraniano admitiu que a Ucrânia não se poderá juntar à NATO, uma concessão que parece abrir caminho para um possível acordo de paz com a Rússia.

Esta quarta-feira de manhã, o primeiro-ministro britânico também rejeitou a possibilidade de a Ucrânia aderir à NATO num futuro próximo. Instado a comentar as  declarações do Presidente ucraniano, Boris Johnson disse que “de forma alguma” irá a Ucrânia aderir à NATO em breve.

“Falei com Volodymyr [Zelensky] novamente ontem e, claro, compreendo o que ele diz sobre a NATO (…). E todos sempre disseram, e nós deixámos claro a Putin, que de forma alguma vai a Ucrânia aderir à NATO em breve”, defendeu, citado pela Sky News. Ainda assim, remeteu uma decisão para o Presidente da Ucrânia, que reconhece dificuldades nessa adesão.

Na terça-feira, Volodymyr Zelensky reconheceu que o seu país não poderá integrar a NATO, uma das exigências russas para o fim da guerra. “Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer”, disse-o a Boris Johnson e a ouros líderes europeus, numa reunião da Força Expedicionária Conjunta do Reino Unido.

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Entretanto, num discurso noturno endereçado ao povo ucraniano, Volodymyr Zelensky reforçou que é “preciso paciência” sobre as negociações. “São difíceis, mas importantes, porque qualquer guerra termina com um acordo”, afirmou, garantindo, no entanto, que as “posições nas negociações estão mais realistas”.

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Oleksiy Arestovich, conselheiro do chefe de gabinete do presidente ucraniano, considerou que até “ao início de maio” seria possível um acordo de paz — “Talvez muito antes”, disse. Já Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que é muito cedo para fazer previsões, mas que as discussões continuam. E acrescentou: “O trabalho é difícil e, na situação atual, o próprio facto de continuarem é provavelmente positivo”.

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Lavrov: neutralidade da Ucrânia está a ser “seriamente discutida”

Sergei Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, disse esta quarta-feira que as negociações de paz com a Ucrânia não são fáceis, embora exista esperança em alcançar um compromisso.

Em entrevista à RBC News, citado pela Reuters, diz que a neutralidade da Ucrânia está a ser “seriamente discutida”. 

“As negociações não são fáceis por razões óbvias”, afirmou. “O status neutro está agora a ser seriamente discutido, claro, com garantias de segurança”, disse Lavrov.

Lavrov disse ainda que pontos-chave nas negociações incluem a segurança das pessoas no leste da Ucrânia, a desmilitarização do país e o uso da língua russa na Ucrânia.