A associação ambientalista Zero propôs medidas de “curto e longo prazo” para a crise energética que encarece os combustíveis rodoviários como passes temporariamente a metade do preço e revisão ou mesmo eliminação do programa Autovoucher.

“Chegou a hora de apoiar ainda mais o transporte público e construir soluções resilientes sem combustíveis fósseis”, defende a Zero em comunicado, apresentando medidas concretas para dar uma “resposta imediata” à crise energética que passam por incentivar “uma menor utilização dos combustíveis fósseis” e pela proteção dos agregados mais vulneráveis.

Uma das medidas defendidas pelos ambientalistas é “equacionar temporariamente os passes municipais e metropolitanos a metade do preço” para conquistar mais utilizadores para o transporte público.

Outra medida é a revisão ou mesmo eliminação do programa Autovoucher por considerarem que apenas favorecer “a fração da população mais letrada em tecnologias”.

“A Zero compreende que se tratou de uma solução expedita da parte do Governo, mas não está corretamente implementada”, afirma, defendendo que o valor do Autovoucher deverá ser utilizado preferencialmente no apoio ao transporte público coletivo.

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Quanto aos apoios extraordinários aos transportes públicos coletivos, táxis, TVDE e transportes de mercadorias, a Zero diz que aceita, mas defende que apenas os apoios aos transportes públicos coletivos devem ser pagos pelo Fundo Ambiental, um programa vocacionado para a mitigação das alterações climáticas.

Defende ainda que o Imposto sobre Produtos Petrolíferos (ISP) não deve ser alterado, aceitando-se apenas temporariamente o reembolso do excesso de receita com o IVA, e a reavaliação do congelamento da taxa de carbono.

“Com os sucessivos aumentos dos preços da energia e dos combustíveis, agravados pela invasão da Ucrânia pela Rússia e com as medidas que o Governo tem anunciado para reduzir o impacto nos portugueses”, a Zero apela para que “não se perca de vista o objetivo da descarbonização, a única solução definitiva para dotar o país de segurança energética e estabilizar os preços em valores comportáveis”.

Em simultâneo, acrescenta, “remover definitivamente a dependência dos combustíveis fósseis, procurando salvaguardar sempre a população mais vulnerável”.

“Se Portugal pretende cumprir os objetivos a que se propôs, é necessário também aplicar medidas de longo prazo para a descarbonização continuar a ser uma prioridade fundamental”, sustenta.

Para tal, defende, são necessários “maiores apoios” para a eletrificação das frotas existentes, com “um forte investimento e aceleração” na disponibilização de infraestruturas dedicadas ao carregamento de veículos elétricos.

“Embora este investimento esteja previsto no Plano de Recuperação e Resiliência, o mesmo deverá ser antecipado e alargado”, salienta.

Um calendário para o investimento ferroviário é também defendido pelos ambientalistas para substituição do transporte individual e do avião em percursos de curta a média distância.