A população mundial está cada vez mais benevolente. Esta é uma das principais conclusões da décima edição do Relatório da Felicidade Mundial, uma publicação da Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que analisou dados da população em 150 países, desvendando qual deles é o mais feliz do mundo.

A grande surpresa é que, em termos globais, registaram-se grandes aumentos nas três formas de benevolência em análise na Gallup World Poll”, admitiu John Helliwell, um dos três editores fundadores do relatório, à CNN Travel.

As três formas analisadas são as doações para caridade, voluntariado e a ajuda a estranhos. A média global destes comportamentos subiu cerca de 25% em 2021, em comparação com os níveis de pré-pandemia.

Mas, afinal, qual é o país mais feliz do mundo? É a Finlândia, pelo quinto ano consecutivo, de acordo com o Relatório da Felicidade Mundial.

Tanto este país nórdico como os vizinhos – Dinamarca, Noruega, Suécia e Islândia – têm boas pontuações em todos os indicadores analisados: expetativa de vida saudável, PIB per capita, apoio social em tempos difíceis, baixa corrupção e alta confiança social, bem como generosidade numa comunidade onde as pessoas cuidam umas das outras e liberdade para tomar decisões importantes na vida.

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A Dinamarca está em segundo lugar e a Islândia fecha o pódio, ocupando o terceiro lugar. Já a Suécia e a Noruega ficam em sétimo e oitavo lugares, respetivamente. Fora países nórdicos, Suíça, Holanda e Luxemburgo dominam a quarta, quinta e sexta posições. A compor o restante top 10, está Israel em nono e a Nova Zelândia em décimo.

Portugal ficou na 56.ª posição, com uma média de avaliação de 6.016 pontos, abaixo dos 7.821 da Finlândia. A generosidade foi o fator que obteve menor pontuação em Portugal, seguindo-se da perceção da corrupção. Em relação ao país mais feliz do mundo, Portugal obteve pior pontuação em todas as categorias estudadas, menos numa, na esperança de vida saudável. À frente de Portugal, estão países como o Japão (em 54.º lugar), o México (em 46.º lugar), o Brasil (38.º) e a Espanha (29.º).

Outra conclusão positiva é a descida acentuada das preocupações e do stress causados pela pandemia. Em 2021, os valores do stress e da preocupação ainda eram elevados, numa taxa de 4%, mas apresentaram uma diminuição face aos 8% do ano anterior.

Há uma sensação, julga Helliwell, que as crises mudam a forma como as pessoas encaram a realidade. Para o editor, “as pessoas são muito pessimistas sobre a boa vontade nas sociedades em que vivem”, porém quando um desastre acontece essa perceção muda, já que “as pessoas estão a trabalhar juntas para lidar com ele”.

E compara à guerra na Ucrânia, sendo que este relatório foi elaborado antes do início da invasão russa: “Os seus corações estão a ser atacados, então eles [ucranianos] irão ficar mais próximos [uns dos outros], mas é claro que o dano real é terrível”. Por outro lado, as consequências que o conflito terá na felicidade na Rússia são incertas devido à censura governamental — ao distorcer informações filtra o verdadeiro estado dos cidadãos. Todavia, a Ucrânia e a Rússia não vigoram sequer na primeira metade do ranking: a Ucrânia encontra-se no 98.º lugar e a Rússia na 80.º posição.

É possível, contudo, traçar um paralelismo com países já afetados pela guerra. O Afeganistão está na 146º posição, “um forte lembrete dos danos materiais e estruturais que a guerra causa às suas muitas vítimas”, recordou Jan-Emmanuel De Neve, também editor do relatório, à CNN Travel.

Visto que a felicidade não tem fronteiras, a atual guerra na Ucrânia pode oscilar igualmente os níveis de felicidade noutras partes do mundo.

É concebível que algumas pessoas ao ver de perto — nos seus ecrãs de televisão — o que a guerra pode fazer todos os dias à vida de outrem, que não tem nada a ver com o conflito, possa fazê-las sentir-se sortudas por não estarem lá ou terem empatia pela dor de quem está lá”, sublinhou Helliwell. “São ambas emoções reais e compreensivas, mas estão em lados opostos da balança”.

O ranking não se baseia em nenhum indicador do país, mas em entrevistas feitas todos os anos a cerca de mil residentes de cada país onde lhes é pedido para fazerem uma avaliação da sua vida em diferentes domínios. O resultado final combina uma média das entrevistas dos três últimos anos.

Os países mais felizes do mundo, edição 2022

1. Finlândia

2. Dinamarca

3. Islândia

4. Suíça

5. Holanda

6. Luxemburgo

7. Suécia

8. Noruega

9. Israel

10. Nova Zelândia

11. Áustria

12. Austrália

13. Irlanda

14. Alemanha

15. Canadá

16. Estados Unidos

17. Reino Unido

18. República Checa

19. Bélgica

20. França