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Mapa da guerra. O que se sabe sobre o 27.º dia do conflito na Ucrânia

Este artigo tem mais de 2 anos

Três explosões sentidas em Kiev, onde se mantém recolher obrigatório. Opositor russo Alexei Navalny condenado a nove anos de prisão e Zelensky pediu ao parlamento italiano mais sanções à Rússia.

Reportagem num centro comercial que foi bombardeado a poucos quilómetros do centro da cidade que é capital da Ucrânia. Estão confirmados oito mortos. A Rússia, a mando do seu presidente, Vladimir Putin, invadiu a Ucrânia no passado dia 24 de fevereiro de 2022. Kiev, Kyiv, Ucrânia, 21 de março de 2022. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Neste 27.º dia de guerra na Ucrânia, Kiev mantém o recolher obrigatório entre as 20h e as 07h. Os cidadãos que estão na capital ucraniana estão proibidos de sair das suas casas neste período até quarta-feira de manhã. A decisão foi tomada depois dos bombardeamentos das tropas russas durante o fim de semana.

Mariupol continua nas mãos dos soldados ucranianos. E os únicos jornalistas que estavam na cidade a relatar os ataques nas últimas semanas terão sido forçados a sair daquela cidade portuária na semana passada.

ANA MARTINGO/OBSERVADOR

O mapa do último dia dá conta da continuação dos avanços das tropas russas. Moscovo continua a entrar na Ucrânia através da Crimeia, em direção a Mykolaiv, e a Zaporíjia. As forças do Kremlin têm também usado a fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia e com a Rússia para chegar a Kiev, onde se registaram vários bombardeamentos nos últimos dias.

Sob a ocupação russa estão já as cidades de Melitopol e de Kakhova, no leste da Ucrânia, a central nuclear de Chernobyl e a região de Chernihv, na zona norte do país. Tal como Mariupol, as regiões de Sumy, Kharkihv, Konotop e Chernihv continuam cercadas pelas tropas de Moscovo.

Pode também seguir os desenvolvimentos, minuto a minuto, no liveblog do Observador, que estão também a ser contados pelos enviados especiais do Observador à Ucrânia, Pedro Jorge Castro e João Porfírio.

O ex-bilionário da Forbes que se reúne duas vezes por dia com os comandantes militares: “Putin vê que o Ocidente é medricas”

O que aconteceu durante a noite?

  • Num discurso ao país,  Volodymyr Zelensky indicou que algumas posições russas nas negociações são “escandalosas”, mas que estão a avançar “passo a passo”. Presidente ucraniano denunciou ainda “bloqueio completo” de Mariupol, na qual se vivem “condições desumanas”.
  • O presidente francês, Emmanuel Macron, voltou a falar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e anunciou que não está previsto qualquer cessar-fogo.
  • A União Europeia condenou esta terça-feira a sentença de nove anos aplicada por um tribunal russo ao opositor do regime Alexei Navalny e pede à Rússia que o liberte imediatamente, como aliás já tinha ordenado o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em fevereiro de 2021.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse que na UE “hoje em dia é sinal de boas maneiras demonstrar que és mais russófobo do que o vizinho” e elogiou relações “sem precedentes” com a China.
  • Os EUA estão preocupados com possibilidade de iminente ataque químico da Rússia. “A nossa preocupação é que isso seja um precursor dos planos da Rússia de usar armas químicas”, diz a embaixadora dos EUA na ONU.
  • Olaf Scholz prevê guerra de longa duração e adverte contra sanções insustentáveis. O líder do governo alemão rejeitou, novamente, os pedidos para boicotar o fornecimento de energia russa e disse que a Alemanha não é o único país dependente.
  • Joe Biden prepara-se para apresentar na quinta-feira em Bruxelas, na cimeira extraordinária da NATO, sanções contra 300 membros da Duma (parlamento russo).
  • A União Europeia (UE) acusou a Rússia de “cortar deliberadamente” o acesso a água potável em Mariupol, para fazer capitular a cidade no sul da Ucrânia.
  • A Bielorrússia já estará a dar passos no sentido de enviar para a Ucrânia militares para apoiar a Rússia no conflito, avançam oficiais norte-americanos e da NATO.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A Rússia admitiu utilizar armas nucleares caso a sua existência esteja em risco. Em entrevista à CNN internacional, o porta-voz do Kremlin sublinhou que Putin ainda “não atingiu todos os seus objetivos” na Ucrânia, país que foi “criado por potências ocidentais anti-Rússia”.
  • Mykhailo Podoliak, conselheiro do Presidente ucraniano, garantiu que o país vai “ganhar”.“Não estou pronto para dizer que a guerra vai acabar em um ou dois dias. Mesmo para alívio psicológico das pessoas. Não. Mas quero dizer que aguentaremos o tempo que for necessário.”
  • O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashénkov, anunciou que as forças pró-russas na região separatista de Donbass, tomaram controlo de nove localidades na Ucrânia, com o apoio das tropas russas.
  • Por sua vez, as forças Armadas da Ucrânia garantem que as forças de Putin estão “a recuar“, sofreram “perdas irreversíveis” e muitos soldados russos desertaram – o que está a obrigar a Rússia a ir buscar reforços militares “às profundezas” do país.
  • O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, alertou a Rússia que, “mesmo que Mariupol caia”, a Ucrânia “não pode ser conquistada cidade por cidade”. “Quantas mais cidades como Mariupol devem ser destruídas? Quantos mais ucranianos e russos serão mortos antes que todos percebam que esta guerra não tem vencedores — apenas perdedores?”, questionou.
  • Volodymyr Zelensky anunciou no Twitter que falou com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, sobre o mais recente bombardeamento a infraestruturas civis e a consequente “catástrofe humanitária no país”. Falou também de Mariupol, atingida esta terça-feira por duas bombas.
  • Um dos conselheiros de Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak, disse que o Presidente ucraniano poderá “muito em breve” conversar com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.
  • O tablóide pró-Kremlin, Komsomolskaya Pravda, divulgou ontem um levantamento que será do número de soldados russos mortos e feridos durante a guerra na Ucrânia. Cerca de 24 horas depois da polémica, o jornal sinalizou que foi vítima de um ciberataque que colocou “informações imprecisas” sobre a “intervenção militar especial” na Ucrânia.
  • O opositor russo Alexei Navalny, condenado por crimes de fraude e peculato a nove anos de prisão, reagiu à pena, acusando Vladimir Putin de “ter medo da verdade”.
  • O conselheiro para a Segurança Nacional norte americana, Jake Sullivan, anunciou esta quinta-feira — numa conferência de imprensa na Casa Branca sobre a deslocação de Joe Biden a Bruxelas e a Varsóvia na quinta e na sexta-feira— que os países aliados vão anunciar um novo pacote de sanções à Rússia.
    A NATO convidou Volodymyr Zelensky para discursar na cimeira da aliança na próxima quinta-feira. O Presidente da Ucrânia terá aceitado o convite e dirigir-se-á por videoconferência aos membros da NATO para falar sobre a guerra com a Rússia.
  • De acordo com a ONU, a invasão russa provocou 953 civis mortos e 1.557 feridos até segunda-feira. O Alto Comissariado da ONU acredita que estes números não correspondem à totalidade de vítimas.
  • Neste momento, já foram emitidos 18.410 mil pedidos de proteção temporária a cidadãos ucranianos, estando 500 sob análise.

O que aconteceu durante a manhã?

  • Três grandes explosões sentidas no centro de Kiev, de acordo com os relatos dos enviados especiais do Observador à Ucrânia.
  • Opositor russo Alexei Navalny condenado a nove anos de prisão, que deverá cumprir numa cadeia de alta segurança, a ao pagamento de multa de cerca de sete mil euros, avançou a agência Interfax. Em causa estão crimes de fraude e peculato.
  • Os líderes europeus chegaram a acordo para a compra conjunta de gás natural, GPL e hidrogénio. As compras deverão ser feitas durante este ano, segundo um esboço do comunicado final da cimeira europeia.
  • Moscovo terá feito mais um pagamento de juros de dívida, em dólares, evitando o “default” na dívida pública. De acordo com o Financial Times, foi processado o pagamento de 66 milhões de dólares relativos aos juros periódicos (cupão) que tinha de ser feito esta semana.
  • Durante o 27.º dia de invasão, foram divulgados vários relatos sobre mortes e destruição. O parlamento ucraniano denunciou que um tanque russo matou três pessoas em Kharkiv. As Forças Armadas ucranianas dizem que mais de 15 mil soldados russos já morreram em combate e Zelensky lamentou a morte de 115 crianças, desde o início da guerra.
  • Os últimos dados da Agência da ONU para os Refugiados revelam que mais de 3,5 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia.
  • Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, acusou a Rússia de impedir ajuda humanitária em Kherson, no sul da Ucrânia. E anunciou que serão criados três corredores humanitários em Mariupol.
  • Zelensky falou no parlamento italiano e fez um apelo: “Imaginem Génova completamente destruída”. O presidente ucraniano referiu que, em Kiev, estão “no limite da sobrevivência” e pediu mais sanções contra a Rússia.
  • Porto de Mykolaiv foi atacado pelas tropas russas. “A infraestrutura portuária sofreu danos significativos”, referiram as autoridades ucranianas.
  • Reino Unido acusou Rússia de manipulação de um vídeo em que o ministro da Defesa britânico aparece a discutir ambições nucleares.
  • Dmitry Muratov, vencedor do Prémio Nobel da Paz, decidiu leiloar a medalha que recebeu no ano passado para doar o dinheiro aos refugiados da Ucrânia.
  • Juros da dívida de Portugal superam 1,3% pela primeira vez desde início da pandemia.
  • António Costa assistiu a uma demonstração tática da Companhia do Exército que será enviada para a Roménia, no âmbito da NATO. “Perante a atual agressão da Rússia à Ucrânia a NATO entendeu reforçar a sua presença na frente leste”, disse.
  • A embaixada dos Estados Unidos em Kiev revelou que as forças russas “removeram, ilegalmente, 2.389 crianças ucranianas“.
  • Kremlin quer negociações entre Rússia e Ucrânia mais “ativas” e com mais “substância”, garantindo que as conversações continuam.

O que aconteceu durante a noite e madrugada?

  • O presidente ucraniano voltou a insistir num encontro com Vladimir Putin. Esta segunda-feira à noite, Zelensky disse que não é possível ter um acordo de paz sem uma reunião.
  • A propósito de um acordo com a Rússia, Zelensky afirmou que um possível entendimento terá de ser decidido em referendo pelos cidadãos ucranianos.
  • As tropas ucranianas continuam a resistir às tentativas de ocupação na cidade de Mariupol. De acordo com o ministério da Defesa do Reino Unido, os militares de Kiev estiveram parados em alguns pontos da Ucrânia durante o dia de segunda-feira.
  • Zelensky falou já durante a madrugada desta terça-feira sobre quatro crianças que ficaram feridas em protesto pacífico em Zaporíjia. E o parlamento ucraniano avançou que 117 crianças morreram desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
  • Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, disse que existe um “sinal claro” de que a Rússia poderá usar armas biológicas e químicas na Ucrânia. E negou que os Estados Unidos ou a Ucrânia estejam a usar esse tipo de armamento.
  • As forças armadas ucranianas dizem que a Rússia só tem munições, comida e combustível para três dias.
  • Uma das últimas notícias deste início de manhã dá conta de que o opositor russo Alexei Navalny foi condenado pelo crime de peculato.

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