Depois de vários dias de dúvida e contrainformação que dava conta da morte do atirador conhecido por Wali, o próprio publicou uma fotografia numa piscina infantil de bolas coloridas para desmentir ter sido abatido pelas forças russas. Ainda assim, reconhece que já ultrapassou por um susto de “quase morte” quando uma “bola de fogo passou a cerca de três metros” da cabeça.

Numa entrevista por videoconferência ao La Presse, jornal canadiano, Wali é irónico e diz que foi “o último a saber que estava morto”, depois de os russos terem divulgado a informação que o teriam abatido 20 minutos depois de ser ter juntado” à frente de combate.

Publicação de Wali no Facebook, para desmentir boatos de que tinha sido morto

Na entrevista, Wali — que mantém o verdadeiro nome e identidade em segredo, apesar de mostrar a cara — diz que na semana passada esteve integrado numa unidade na frente de combate ucraniano e que foi alvo de ataques de artilharia durante vários dias.

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O franco-atirador mais letal do Canadá juntou-se aos ucranianos

“Vi uma bola de fogo passar a três metros da minha cabeça, foi surreal”, detalha na entrevista ao jornal canadiano acrescentando que conseguiu voltar “ileso” da primeira incursão na área de Kiev, mas que um dos homens ucranianos que acompanhava não teve a mesma sorte já que foi atingido a tiro e ficou ferido.

Da experiência na frente de combate, Wali explica que os tanques russos estão apenas na “periferia” da capital ucraniana e diz que “os russos têm medo de se aproximar” o que resulta de “pouco contacto direto” entre os militares, mas uma pressão constante muito forte.

Na entrevista, o atirador esclarece ainda que se criaram alguns mitos à volta da sua presença no terreno de combate e que o “recorde” de tiro a longa distância (3,45 km) não lhe pertence, mas sim a outro atirador da mesma nacionalidade. Já os colegas da brigada revelaram ao mesmo jornal que a atenção mediática gerada em torno de Wali colocou em perigo os colegas, com o “sniper” a tornar-se um foco central de interesse para os russos e, consequentemente, as brigadas onde está ou esteve até agora inserido.

Com versões contraditórias sobre a saída “por iniciativa própria” — como Wali explica — ou ter sido dispensado pelo comandante da “Norman Brigade” dada a atenção que a sua participação recebeu, Wali diz que quer usar a notoriedade que conquistou para convencer outros militares experientes a juntar-se à frente de combate. “Estou a fazer isto por uma causa justa e estou a falar com adultos responsáveis”, afirmou.