Enrique Piñeyro é o piloto milionário argentino que usa a sua fortuna e o seu avião — um Boeing 787 — para salvar pessoas que fogem da guerra. “Não entendo aquelas pessoas que têm jatos privados, são desconfortáveis e pequenos”, argumenta ao ABC. Já fez parte de missões humanitárias em Moçambique, Madagáscar e Níger e, com a invasão das tropas russas à Ucrânia, voltou à ação.
Foi ele o comandante do voo humanitário com destino a Varsóvia (Polónia), que partiu na manhã de domingo do Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires (Argentina), com mais de 10 toneladas de doações, desde roupas a comida, noticia o Clarín.
El momento del despegue desde Ezeiza con destino a Polonia, del vuelo que organiza la ONG Solidaire. La intención es trasladar hasta a 220 refugiados por vuelo.
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— Clarín (@clarincom) March 20, 2022
Com a duração prevista de 72 horas, o destino do voo foram as cidades italianas Roma, Cagliari e Palermo. Foi na semana passada, contudo, que realizou o seu primeiro voo humanitário, quando partiu de Varsóvia para as cidades espanholas de Barcelona e Madrid. Estima que, no total, já terá salvado cerca de 750 pessoas refugiados ucranianos, de acordo com o jornal espanhol. Carateriza, por isso, o seu trabalho como “bom, mas triste”.
Quando saímos do Níger [depois de] resgatar pessoas que haviam sido torturadas e escravizadas, lembro-me que só se ouviam cânticos no avião. Mas aqui [Ucrânia] vê-se um desespero enorme, eles [ucranianos] não querem ir embora, entram no avião a chorar. É verdade que os ouvi a aplaudir por conseguirem sair de lá, mas, no fim, estão a abandonar tudo, são famílias dilaceradas: mulheres, crianças e idosos partem, o resto do seu povo fica”, descreve Piñeyro.
“O sofrimento para os ucranianos não acaba, sair de lá é só colocar um pano nas feridas”, lamenta ainda. Mesmo assim, confessa, daqui a 20 anos estará a fazer exatamente o mesmo: salvar vidas.
E quando não pode resgatar pessoas, o piloto — que também é médico — encontra outras formas de ajudar (mesmo que, por vezes, não obtenha resposta): ofereceu-se para transportar vacinas contra a Covid-19 até à Argentina de forma gratuita, mas continua a aguardar a resposta do governo de Alberto Fernández.