A votação do nome do jurista e ex-espião pró-Rússia Alexandre Guerreiro para integrar o Centro de Investigação de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (CIDP) foi adiada. Em causa, estão as posições públicas do comentador da SIC Notícias que defendem e justificam a posição da Rússia na invasão que levou a cabo na Ucrânia.

Na  reunião do conselho científico realizada esta sexta-feira foram propostos, para fazerem parte do centro, os nomes de mais de 20 novos investigadores, tendo-se decidido que o melhor seria adiar a votação relativa a Alexandre Guerreiro. A notícia da polémica em torno do nome do ex-espião neste processo foi noticiada pela Visão, que dava conta de que já tinha sido decidido excluir o jurista. Mas, ao Observador, o coordenador científico Carlos Blanco de Morais explicou que apenas foi decidido adiar a votação.

No organismo que coordena a investigação e estabelece as orientações de pesquisa e linhas temáticas em áreas como o Direito Público ou o Direito Internacional, os contornos de uma possível integração de Alexandre Guerreiro no centro chegaram a ser analisados por Carlos Blanco de Morais, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade da capital, que apesar de argumentar com os princípios de liberdade de imprensa, acabou por votar a favor do adiamento.

O presidente do Conselho Científico da faculdade, Sérvulo Correia, também votou a favor de se adiar a análise e decisão — de resto, essa votação foi unânime.

Alexandre Guerreiro apresentou, em 2021, uma tese de doutoramento em que defendia, à luz do direito internacional, a anexação da Crimeia pela Rússia. Antes, trabalhou, durante sete anos, enquanto analista no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa.

A dez dias de começar a invasão russa, Alexandre Guerreiro esteve em Moscovo numa conferência que defendia os “princípios da autodeterminação dos povos e pelo respeito da integridade territorial dos Estados no mundo moderno” organizada pela universidade de MGIMO (também conhecida por instituto estatal russo de relações internacionais).

“Entretanto, alguém sabe dizer-me a que horas começa a mais que anunciada guerra na Ucrânia?”, comentou a 15 de fevereiro Alexandre Guerreiro, garantindo, numa publicação nas suas redes sociais, que “afinal”, não havia “guerra” — cenário que não veio a confirmar-se.

Notícia atualizada às 10h50 de dia 26 de março