A taxa de inflação na zona euro terá acelerado para 7,5% em março, segundo a estimativa rápida do Eurostat, divulgada esta sexta-feira – é um valor inédito na história da união monetária. A subida dos preços da energia, que terão ascendido quase 45% em março (em termos homólogos), foi o principal fator a impulsionar a inflação.

No mês anterior, a taxa de subida dos preços tinha sido calculada em 5,9%, altura em que os preços da energia já tinham aumentado 32%, segundo os cálculos do Eurostat. Também a rubrica que inclui os preços dos bens alimentares aumentou 5% em março, contra 4,2% em fevereiro.

Para Portugal, o Eurostat calcula em 5,5% a taxa de inflação homóloga harmonizada (IHPC). O INE divulgou esta semana que a taxa de inflação — IPC (sem ser a harmonizada) — ficou nos 5,3% que foram calculados na quinta-feira pelo INE. Apesar de esse ter sido um máximo desde 1994, Portugal está entre os países com uma pressão mais contida nos preços – países como Estónia e Lituânia têm taxas de inflação em redor dos 15% e mesmo nos Países Baixos os preços estão a subir a um ritmo de 11,9%. Na Alemanha, a inflação está em 7,6% e em Espanha em 9,8%.

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Não tardará muito que o BCE comece a subir os juros“, diz um analista da Capital Economics em nota de reação ao indicador divulgado pelo Eurostat – que saiu muito acima do que era esperado. Assim, Jack Allen-Reynolds diz que é “provável que a taxa de inflação continue muito elevada o resto do ano”, admitindo uma média de 6,5% na subida homóloga dos preços na zona euro ao longo deste ano, mais de três vezes o objetivo de médio prazo do BCE.

Em setembro, quando veio a Lisboa, Christine Lagarde indicou que seria “muito improvável” que se reunissem as condições para o BCE aumentar as taxas de juro ainda em 2022, mas nos últimos meses vários responsáveis do BCE têm admitido essa possibilidade – para alguns, aliás, acelerar a normalização da política monetária, acabando com as taxas de juro negativas, deve ser feito o quanto antes.

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(notícia atualizada para precisar que os dados do INE são referentes ao IPC e o Eurostat ao IHPC)