“Já não digo mais nada sobre essa matéria.” Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa reagiu à pergunta sobre a duração do mandato de António Costa. Depois de no discurso na tomada de posse do novo Governo ter deixado bem claro que o primeiro-ministro não devia sair a meio do executivo — devendo permanecer até 2026 —, o Presidente da República escusou-se a comentar o assunto. “Sei querem perguntar pela enésima vez a questão, mas eu já disse o que tinha a dizer.”
Questionado sobre o programa do Governo, o Presidente da República já esperava com as adaptações geradas pela guerra na Ucrânia, embora ainda não o tendo lido. “Já disse isso no meu discurso de posse e o primeiro-ministro disse isso no discurso de posse”, sublinhou Marcelo, que disse ser “evidente” que a pandemia tivesse efeitos económicos, financeiros e sociais “maiores do que pensava”, sendo também “evidente” que a guerra tenha efeitos “que não eram previsíveis antes de existir a guerra”.
“Efeitos nos custos de energia, de certos bens, outros tipos de custos de produção, muitos dos bens básicos na vida das pessoas, se a inflação, isto é, a subida de preços já era uma no fim da pandemia, no que se pensava no fim da pandemia, [a inflação] subiu pelos números que temos disponíveis agora no mês que correspondeu à guerra”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “quanto mais breve for a chegada à paz, melhor, melhor para o povo ucraniano, melhor para a situação no mundo e em termos económico e sociais”.
De acordo com o Presidente da República, o programa do Governo é “para quatro anos e meio” e tem de resultar de uma “soma de medidas” que sirvam para responder “aos problemas de hoje” e “imediatos”, nomeadamente relacionados com a pandemia e a guerra. Ainda assim, tem de ser “suficientemente abrangente” para conseguir dar resposta a outros problemas mais de fundo.
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Sobre a maioria absoluta, Marcelo Rebelo de Sousa sinalizou que o PS a conseguiu, mesmo os portugueses não sabendo da guerra. “Os portugueses escolheram, podiam ter escolhido outros caminhos, outra alternativa, outra solução que obrigasse a negociações entre os principais partidos”, apontou o chefe de Estado, que leu resultados como uma forma de “resolver os problemas entre as mãos”, isto não “imaginando que houvesse uma guerra”.
“Ninguém sabe se os portugueses votariam na mesma maneira” com a guerra, aludiu Marcelo de Rebelo, que conjetura que talvez a maioria fosse reforçada por uma “questão de segurança e de estabilidade”. Com a atual conjetura, seria provável, segundo o Presidente da República , que quem estivesse no poder fosse ter uma votação reforçada. “As pessoas não vão experimentar outras soluções, num momento de crise”, vincou o chefe de Estado, que referiu que é isso que “tem acontecido a outros países”.