O ministro da Defesa Nacional de Moçambique considerou “não credíveis” informações sobre o reagrupamento da Junta Militar, uma dissidência armada da Renamo, principal partido da oposição, depois de as Forças Armadas terem dito que o grupo continua ativo.
“Não temos nenhuma informação credível que nos dá a indicação de que há um novo líder da Junta Militar”, afirmou Cristóvão Chume, citado esta sexta-feira pelo jornal Notícias, o principal diário do país.
Chume avançou que “tudo o que possa dizer sobre isso são especulações ou informações que visam perturbar a zona centro” do país.
Grande parte das forças residuais da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), incluindo alguns membros da Junta Militar, aderiu ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), acrescentou.
O ministro afirmou que a adesão ao DDR mostra que os membros da dissidência armada do principal partido da oposição não têm disposição para “ressuscitarem” a Junta Militar.
As declarações daquele governante contrariam o anúncio feito em fevereiro pelo Diretor de Operações no Ministério da Defesa, Chongo Vidigal, que disse na altura que a Junta Militar nomeou um novo líder, depois da morte em combate do seu chefe, Mariano Nhongo, e que continua ativo.
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“A última informação que temos é de que recentemente houve eleições internas e foram nomeados novos dirigentes da Junta Militar. Quer dizer que este grupo, para todos os efeitos, continua” ativo, referiu o brigadeiro Chongo Vidigal.
Vidigal afirmou que as eleições decorreram na serra da Gorongosa, centro de Moçambique, apesar do silêncio a que o grupo se remeteu depois de o líder, Mariano Nhongo, ter sido abatido numa troca de tiros com forças policiais em outubro de 2021.
“Depois da morte do líder da Junta Militar, Mariano Nhongo, o quadro da situação alterou-se profundamente, mas não quer dizer que tenha terminado: quando se elimina um líder não quer dizer que a força deixou de existir”, acrescentou.
A autoproclamada Junta Militar da Renamo foi responsável por mais de 30 mortes em ataques armados no centro de Moçambique entre 2019 e outubro de 2021, mês em que Mariano Nhongo foi abatido.
O líder da junta contestava a liderança da Renamo e exigia a renegociação do acordo de paz assinado entre o principal partido da oposição e o Governo em agosto de 2019.