A notícia chegou através do negociador-chefe da delegação ucraniana, David Arakhamia, durante uma entrevista televisiva, no sábado: a Rússia aceita “a posição da Ucrânia”, com exceção da Crimeia. Posição essa que os presidentes Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky deverão discutir pessoalmente, num encontro na Turquia.

A informação terá sido avançada pela delegação russa, durante uma vídeoconferência entre os dois lados, que aconteceu na sexta-feira, explica a agência ucraniana Interfax, com base na entrevista de Arakhamia . Nesta conversa, o lado russo terá dito que o acordo preliminar de paz, que tinha sido debatido em Istambul esta semana, está pronto para ser discutido entre os presidentes da Ucrânia e da Rússia.

“A Rússia deu uma resposta oficial sobre todas as posições, que é a que eles aceitam a posição [ucraniana], com exceção da questão da Crimeia. [O ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro] Kuleba disse que não há confirmação oficial por escrito, mas verbalmente, ontem, por vídeoconferência, ouviram que o lado russo não se opõe a estas posições”, afirmou Arakhamia, citado pela Interfax.

Não é claro a que posição em concreto o negociador se refere, mas já no passado dia 29, depois de mais uma ronda negocial, Kiev admitiu adotar o estatuto de neutralidade — não aderir a alianças militares ou acolher bases militares no país — em troca de garantias de segurança por parte de outros países. É um passo que a Ucrânia diz que só poderá ser dado se for assinado um acordo para o cessar-fogo e se Moscovo retirar as suas tropas da Ucrânia.

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A proposta de neutralidade da Ucrânia incluiu ainda um período de consulta de 15 anos em relação à anexação da Crimeia, que só entraria em vigor com a assinatura de um cessar-fogo.

Na entrevista televisiva de sábado, o negociador-chefe ucraniano disse ainda que a delegação russa “também confirmou a nossa tese que os documentos preliminares tinham sido desenvolvidos o suficiente para que levassem a consultas diretas entre os líderes dos dois países”.

“A nossa tarefa é preparar a fase final, não do documento em si, mas das questões em que tocámos, e preparar os futuros encontros dos presidentes”, explicou. De acordo com Arakhamia, a reunião entre os dois chefes de Estado tem “elevada probabilidade” de acontecer na Turquia. Nem a data, nem o local são conhecidos, mas acreditamos que [o encontro] poderá ser em Istambul ou Ancara”, indicou.