A organização não-governamental OVD-info revela que mais de 15 mil pessoas foram detidas na Rússia, desde o início da invasão à Ucrânia, por protestos contra a guerra. Apesar de as informações de Moscovo serem poucas, há manifestações, protestos e homenagens que acabam por passar as fronteiras e ganhar dimensão mediática. É o caso de dois protestos recentes.
O ataque à cidade de Bucha, que está a ser investigado por alegados crimes de guerra, levou a um protesto nas ruas de Moscovo, a capital da Rússia, com a reprodução de uma das imagens captadas na cidade perto de Kiev, local que os russos deixaram para trás ao fim de quase um mês — com corpos espalhados pelo chão, valas comuns e centenas de mortos.
Uma pessoa de calças escuras, casaco castanho e carapuço preto na cabeça, deitada no chão, com as mãos atadas atrás das costas. A diferença está no contexto em que aconteceu: em vez de ser em Bucha, é nas ruas de Moscovo. Em vez de ser um corpo no chão atingido mortalmente, é uma homenagem aos mortos feita no país que decidiu a invasão. As fotografias do protesto foram partilhadas pela televisão bielorrussa Nexta.
Os protestos contra a guerra vão tomando várias dimensões e acontecem das mais diversas formas — muitas delas com necessidade de discrição, devido à retaliação do regime russo.
Nos supermercados da cidade russa de Kazan, as descrições dos produtos (no papel dos preços) foram substituídas por propaganda contra a guerra na Ucrânia, onde se leem informações sobre o que as tropas russas estão a fazer em território ucraniano. No Telegram foram partilhadas imagens e traduções de algumas das mensagens dirigidas aos russos:
- “O exército russo bombardeou uma escola de arte em Mariupol onde estavam abrigadas mais de 400 pessoas.”
- “As tropas russas não permitiram que 14 autocarros com ajuda humanitária entrassem na região de Kherson. Os civis precisam de comida e medicamentos.”
- “A inflação semanal atingiu o nível mais elevado desde 1998 devido à nossa (russa) operação militar na Ucrânia. Parem a guerra.”