O Presidente do Peru, Pedro Castillo, declarou na segunda-feira à noite o estado de emergência e recolher obrigatório na capital Lima e na cidade portuária vizinha de Callao, devido a protestos de motoristas e sindicatos de agricultores.
Os trabalhadores estão há uma semana em greve, após terem rejeitado um acordo preliminar alcançado durante o fim de semana, entre negociadores dos manifestantes e as autoridades governamentais.
O recolher obrigatório entrou em vigor na terça-feira, às 02h00 (07h00 em Lisboa) e vai prolongar-se até à meia-noite, disse Castillo, segundo o jornal peruano “Gestión”.
O Presidente disse que a medida pretende pôr cobro a “atos de violência que certos grupos quiseram provocar” e restaurar a paz e a ordem.
Castillo sublinhou que durante o período de emergência estão suspensos os direitos constitucionais ligados à inviolabilidade do domicílio, liberdade de circulação no território nacional, liberdade de reunião e as liberdade e segurança pessoais.
Haverá exceções para permitir a mobilização de serviços essenciais, como saúde, medicamentos, água, saneamento, eletricidade, gás, combustível, telecomunicações e limpeza e recolha de resíduos sólidos, serviços funerários e transporte de mercadorias.
Os jornalistas poderão movimentar-se durante o período de recolher obrigatório, assim como pessoas que precisam de atendimento médico urgente.
Mais de 2.000 motoristas de autocarros na região de Cuzco aderiram a uma greve nacional de 48 horas na segunda-feira, convocada pelo Sindicato dos Transportes Multimodais do Peru devido aos altos preços dos combustíveis e novas regulamentações de transporte, explicou um porta-voz do grupo, Pedro Banda, citado pela televisão TeleSur.
A greve originou confrontos entre manifestantes e agentes policiais, assim como ataques a infraestruturas — incluindo portagens –, bloqueio de autoestradas e suspensão de aulas. Foram ainda registadas quatro mortes.
Este é o primeiro grande conflito social enfrentado por Pedro Castillo desde que foi eleito em julho como chefe de Estado.
Antes da eleição de Castillo, o Peru foi abalado por repetidas crises ministeriais e pela formação de quatro governos em oito meses. O próprio Presidente peruano escapou a um processo de destituição iniciado pela oposição no final de março.