Quatro suspeitos foram detidos na Alemanha esta quarta-feira depois de ter sido montada uma operação policial que reuniu mil agentes da polícia alemã, e no âmbito da qual foram realizadas 50 buscas a diversas instalações ligadas a células neonazis.
“Os quatro homens detidos estão acusados de filiação a organizações criminosas de extrema-direita“, refere um comunicado do Ministério Público alemão citado pela AFP. Além disso, alguns dos suspeitos foram detidos por outros crimes, como o de lesão corporal agravada. Um dos suspeitos, segundo o Der Spiegel, citado pela mesma agência de notícias, seria um elemento das forças armadas alemãs.
Três dos suspeitos seriam inclusive figuras de peso no grupo Knockout 51 que, segundo explicou o Ministério Público, “atrai homens novos de ideologias nacionalistas, doutrina-os com propagada de extrema-direita e treina-os para lutas de rua“. Este grupo terá também organizado ‘patrulhas’ em Eisenach no ano passado, que tentaram provocar vítimas para lutar, tendo ferido com gravidade algumas das pessoas tidas como alvo.
Além destas ligações, os quatro suspeitos teriam relações com os grupos de extrema-direita Combat 18, Sonderkommando 1418 e Atomwaffen Division. Este último, a que se suspeitava estarem ligados 10 dos visados pelas buscas, é uma extensão do grupo “racista, anti-semítico e nacional socialista” formado nos EUA em 2015 — o objetivo principal será o de começar uma “guerra racial”, através da qual a “população branca saia vitoriosa”.
Na altura da sua nomeação para o cargo de ministra do Interior, Nancy Faeser tinha definido como uma das principais prioridades do seu ministério o combate à “maior ameaça: a extrema-direita”.
No dia 15 de março, o governo alemão anunciou um plano para combater os grupos de extrema-direita no país, e que previa a retirada de armas e respetivas licenças a cerca de 1500 suspeitos de pertenceram a grupos criminosos. De entre as medidas estabelecidas pelo governo alemão, uma delas passaria pelo escrutínio de fluxos de dinheiro que beneficiassem este tipo de grupos, e que podiam incluir negócios de merchandising, festivais de música e eventos de artes marciais.
Além disso, o governo de Olaf Scholz, segundo anunciado, iria proceder à identificação de elementos ligados a agências governamentais e forças de segurança que pudessem estar envolvidos em grupos de extrema-direita.