Vendeu-se (muito) menos que em 2019, ganhou-se mais do que em 2020. Esta é a principal conclusão retirada de um estudo elaborado pelos especialistas da JATO Dynamics aos resultados financeiros de 19 dos principais grupos e marcas automóveis, em 2021, com base nos relatórios disponibilizados pelos próprios construtores.
O grupo objecto de análise, em conjunto, transaccionou 69,54 milhões de veículos, 14% menos que em 2019 e mais 2% face a 2020. Em compensação, a receita de 1,74 biliões de euros (trillions, em inglês) representa uma subida de 13%, em relação ao ano anterior, e um recuo de “apenas” 6% comparando com o ano pré-pandemia (2019). Mas a Ferrari, como vem sendo tradição, não alinha pela generalidade. Em 2021, o construtor de Maranello alcançou novo recorde de vendas, com 11.155 unidades entregues globalmente, ou seja, um incremento de 22,3% face aos 9119 veículos transaccionados em 2020 e acima mesmo da sua anterior melhor marca (10.131 unidades em 2019). A JATO fez as contas e concluiu que a Ferrari conseguiu incrementar a margem operacional em 2021, atirando o ganho por unidade vendida (EBIT, lucro antes dos juros e impostos) para a módica quantia de 97.530€. Ou seja, o construtor italiano que vende superdesportivos a preços de algumas casas, em média, lucra em cada um o valor de uma modesta habitação…
Subtraindo à receita as despesas operacionais, a Ferrari continua a impor-se como a marca mais lucrativa, com o emblema do Cavallino Rampante a afirmar-se como uma espécie de “galinha dos ovos de ouro”. Isto num ano em que a maioria dos construtores, fruto da escassez de semicondutores e ainda a querer compensar o recuo nas vendas motivado pela pandemia, se concentrou em modelos de baixas emissões, por serem estes os que mais rapidamente se escoam em virtude dos benefícios e incentivos concedidos pelos diferentes países.
O desempenho da Ferrari foi alheio a tudo isso e, ainda assim, deixa a segunda marca mais lucrativa a léguas. Trata-se da Tesla, cuja gama exclusivamente eléctrica permitiu ganhar 6154€ por carro entregue, ou seja, cerca de 15 vezes menos do que a Ferrari “encaixa” por cada matrícula. Não obstante, convém recordar que o fabricante norte-americano também viu as suas vendas aumentarem 14,4% face a 2020, saltando para 936.172 unidades.
O relatório da Jato baseou-se nos resultados da Aston Martin, Grupo BMW, Daimler, Ferrari, Ford, Geely, General Motors, Honda, Hyundai e Kia, Isuzu, Mazda, Renault-Nissan, Stellantis, Subaru, Suzuki, Tata, Tesla, Toyota e Grupo Volkswagen.