Os novos escalões do IRS vão, finalmente, avançar – e trazem uma poupança para a generalidade dos contribuintes, como mostram as simulações da consultora Deloitte. O efeito do ajuste já poderá, no entanto, estar a ser sentido nos salários mensais, mesmo antes da aprovação do Orçamento do Estado (OE), porque o Governo alterou as tabelas de retenção na fonte assim que o PS obteve a maioria absoluta nas eleições de 30 de janeiro.

O desdobramento dos escalões de taxa do IRS, dividindo os antigos terceiro e sexto escalões, “permite uma redução da carga tributária para todos os níveis de rendimentos a partir do antigo terceiro escalão”, afirma a consultora Deloitte em simulações partilhadas com a imprensa poucos minutos depois de se confirmar que a proposta de OE não trazia quaisquer alterações, a este nível, em relação à proposta que foi chumbada em outubro.

A consultora preparou algumas simulações sobre a diferença em IRS a pagar.

A Deloitte nota que, “dentro dos pressupostos assumidos, estima-se em 202 euros a redução máxima do IRS resultante do desdobramento dos escalões de taxa do IRS para um solteiro sem dependentes, alcançada para sujeitos passivos com  remuneração mensal estimada entre, aproximadamente, 3.000 euros e 6.000 euros”.

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E um solteiro que ganhe menos? “A redução estimada do IRS para um solteiro sem dependentes que aufira uma remuneração mensal de aproximadamente 1.500 euros é de 90 euros“, diz a Deloitte.

A Deloitte apresenta, também, simulações para um casal com dois filhos (de 4 e 5 anos), mostrando como as poupanças começam em 151 euros mas podem ser ainda mais significativas.

“A circunstância de o agregado incluir um segundo dependente com idade de 4, 5 ou 6 anos permite uma redução adicional do IRS em 150 euros”, nota a consultora.

Ainda não se sabe exatamente quando é que o novo orçamento do Estado entra em vigor (prevê-se no segundo semestre) mas os contribuintes até poderão nem sentir uma diferença grande naquilo que recebem em ordenado líquido, ao fim de cada mês. Isto porque o Governo já alterou as tabelas de retenção, ajustando-as mais aos novos escalões, assim que o PS obteve maioria absoluta nas eleições e se percebeu que (desta vez) o Orçamento ia avançar naqueles termos em que tinha sido chumbado.

Como salienta a Deloitte, “a redução do IRS pode estar já a ocorrer ou materializar-se ainda no ano de 2022, por via da diminuição das taxas de retenção na fonte decorrente da revisão das tabelas de retenção na fonte já efetuada, com intensidade diferente consoante os casos”.

Quem ganha com as novas tabelas do IRS

Logo em fevereiro, o Observador escreveu sobre o impacto das tabelas de retenção atualizadas (com efeitos a partir de março), com a ajuda da mesma consultora, que calculou a diferença nos rendimentos face a 2021.