Ihor Zhovkva, vice-chefe do gabinete de Volodymyr Zelensky, abriu a porta a uma visita de António Costa a Kiev, depois de o primeiro-ministro português ter dito que só viajará para a Ucrânia “se for convidado”.

“Já temos cerca de dez líderes políticos estrangeiros a visitar Kiev e claro que o meu Presidente [Volodymyr Zelensky] dará as boas-vindas ao primeiro-ministro de Portugal para visitar Kiev e mostrar apoio à Ucrânia”, garantiu o membro da equipa de Zelensky numa entrevista à TVI/CNN.

Além da abertura a uma possível visita, o responsável ucraniano referiu que espera que o primeiro-ministro português leve “algo concreto” para a visita, nomeadamente “munições, armamento, apoio em termos de sanções e apoio no que respeita à integração europeia”.

Esta semana, numa entrevista ao Clube de Jornalistas, António Costa foi questionado sobre se dá razão a Zelensky — que disse que Portugal “quase” defende a adesão da Ucrânia à União Europeia — quando não vai a Kiev, ao contrário de outros líderes europeus, e o primeiro-ministro foi perentório: “Se for convidado, irei com muito gosto.”

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Duas garantias, uma promessa e o travão a Zelensky. Entrevista a António Costa

O chefe do Executivo não desmentiu as palavras do Presidente ucraniano e defendeu que “a urgência da Ucrânia nunca se resolve com o alargamento. Só se resolve com soluções que sejam compatíveis com a urgência. Por isso, o aprofundamento do acordo de associação com a União Europeia é o espaço ideal.”

“Colocar todas as fichas num processo que é incerto, necessariamente moroso e sujeito a múltiplas vicissitudes é um risco que acho muito grande. Há outra dimensão, que é a de saber se a União Europeia, ela própria, está preparada para novos passos de alargamento. Até agora, a União Europeia não tem sido capaz de acolher países como a Albânia, Montenegro, que têm uma dimensão bastante diferente da Ucrânia”, disse o primeiro-ministro sobre o processo de adesão.

Para Costa, “é preciso primeiro saber se a União Europeia está em condições para ser efetivamente capaz de acolher um país que tem 40 milhões de habitantes e que é o maior país em território de toda a Europa.” Mas garante que há países que estão ainda mais recuados sobre esta posição já “que dizem ‘não’” à adesão imediata da Ucrânia.“Outros dizem ‘não’ enquanto os outros países que estão já em negociação não entrarem primeiro. Nem nós, União Europeia, nem a Ucrânia, temos qualquer interesse em que haja uma divisão na Europa. A maior ajuda que a União Europeia pode neste momento dar à Ucrânia é reforçar a sua unidade no seu apoio.”