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Mapa de guerra. O que se sabe sobre o 60.º dia de guerra na Ucrânia?

Este artigo tem mais de 2 anos

A invasão da Rússia à Ucrânia aconteceu há exatamente dois meses, no dia 24 de fevereiro. Neste 60.º dia de guerra comemora-se a Páscoa ortodoxa e o Presidente da Ucrânia gravou um vídeo numa igreja.

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Anadolu Agency via Getty Images

Anadolu Agency via Getty Images

Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, aproveitou o domingo da Páscoa ortodoxa para apelar à paz e à esperança do povo ucraniano. No mesmo dia em que um dos conselheiros do chefe de Estado ucraniano revelou que as tropas russas continuam a atacar a fábrica de Azovstal, em Mariupol, que tem servido de abrigo a vários civis.

Aquela que tem sido considerada uma das cidade mártir da Ucrânia é, segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, a única área cercada pelas tropas russas, que continuam a apostar numa investida no leste da Ucrânia, com bombardeamentos a serem reportados em várias cidades nas regiões de Donetsk e Lugansk.

O que aconteceu durante a tarde

  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, esteve este domingo reunido com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e com o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou Oleksiy Arestovich, assessor de Zelensky. Do lado de Washington, não houve confirmação nem comentários sobre este encontro em Kiev. A confirmar-se, Blinken e Austin foram os principais responsáveis políticos norte-americanos a deslocar-se a Kiev;
  • No Twitter, Volodymyr Zelensky agradeceu aos Estados Unidos o apoio que tem prestado à Ucrânia nos dois meses de guerra;
  • A Rússia estará a planear um referendo encenado em Kherson, cidade no sul da Ucrânia que se encontra ocupada pelos russos desde março, para justificar a ocupação. A informação surge num boletim publicado esta segunda-feira pelo Ministério da Defesa britânico, que tem acompanhado as movimentações no teatro de operações na Ucrânia.
  • A Ucrânia propôs à Rússia conversações junto ao vasto complexo metalúrgico Azovstal em Mariupol, no sudeste do país, onde combatentes e civis ucranianos ainda estão entrincheirados numa cidade largamente controlada pela Rússia, anunciou a presidência ucraniana;
  • Oleksiy Arestovich, um assessor de Zelensky, estimou que a fase ativa dos combates na Ucrânia vai terminar dentro de duas ou três semanas, devendo Moscovo aproveitar a data de 9 de maio (o dia da Vitória na Europa) para reclamar vitórias militares na Ucrânia;
  • Pelo menos duas pessoas morreram e 14 ficaram feridas na sequência de um ataque aéreo este domingo em Kharkiv;
  • Foi feito um novo balanço das vítimas da guerra na Ucrânia. Terão morrido até agora 2.435 civis ucranianos, incluindo 213 crianças, bem como pelo menos 2.500 soldados ucranianos. Foram lançados mais de dois mil mísseis por parte da Rússia e estão a ser investigados 7.882 crimes de guerra;
  • A Agência das Nações Unidas para os Refugiados revelou que já fugiram da Ucrânia quase 5 milhões e 200 mil refugiados desde que a Rússia invadiu o país, a 24 de fevereiro;
  • Na Rússia e na Ucrânia, países cristãos de maioria ortodoxa, celebrou-se o domingo de Páscoa, o que não trouxe, como esperado, um cessar-fogo, pelo menos parcial. “Na véspera de um dos maiores feriados ortodoxos, o exército russo continuou a bombardear as cidades pacíficas da Ucrânia e a matar civis”, disse a comissária dos Direitos Humanos da Ucrânia, Lyudmila Denisova;
  • O corredor humanitário que estava previsto para este domingo em Mariupol não funcionou, não tendo sido possível apoiar ou retirar quem está na cidade;
  • O principal responsável político da aldeia russa de Belgorod, Vladimir Pertsev, acusou este domingo as autoridades ucranianas de terem bombardeado esta localidade — que tem cerca de 700 habitantes;
  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, publicou uma mensagem de apoio a Emmanuel Macron, que tem sido um dos principais interlocutores do Ocidente com Moscovo. “Parabéns a Emmanuel Macron, um verdadeiro amigo da Ucrânia, pela sua reeleição! Desejo-lhe sucesso no futuro para o bem do povo francês”, escreveu Zelensky no Twitter.
  • A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assumiu que a dependência da Europa em relação à energia russa “não é sustentável” e deve ser uma motivação para o investimento em energias renováveis;
  • O Papa Francisco apelou à coragem de todos para defenderem a paz na Ucrânia e exortou os líderes políticos, sem nomear diretamente nenhum, para ouvirem o povo, que quer o fim do conflito;
  • Marcelo Rebelo de Sousa esteve na Ovibeja e, questionado sobre a opção de António Guterres ir primeiro a Moscovo do que a Kiev — uma postura criticada por Volodymyr Zelenksy —, desvalorizou e sublinhou que “o importante é que o Presidente Zelensky tenha aceitado receber o secretário-geral [da ONU] António Guterres depois de ir a Moscovo”.

O que aconteceu durante a manhã

  • Volodymyr Zelensky dirigiu-se aos ucranianos no domingo da Páscoa ortodoxa e mostrou-se confiante de que ainda é possível uma “vitória da Ucrânia”. Num vídeo partilhado na página do Presidente da Ucrânia no Telegram, Zelensky apelou à fé e confiança dos ucranianos e deixou um recado aos patriotas: “Os nossos corações transbordam de uma raiva enorme, as nossas almas transbordam de um ódio intenso pelos ocupantes e por tudo o que eles fizeram. Não deixem que a raiva nos destrua por dentro.

“Não deixem que a raiva nos destrua por dentro.” A mensagem de fé do Presidente ucraniano na Páscoa ortodoxa

  • Seis crianças ucranianas com cancro chegaram a Portugal e vão receber tratamento em quatro hospitais públicos em Lisboa, Porto e Coimbra. O Ministério da Saúde adianta que as crianças chegaram com 10 adultos, acompanhados por uma equipa do INEM, composta por um médico, um técnico assistente que fala ucraniano e um psicólogo.
  • As autoridades ucranianas revelaram que duas crianças morreram devido a um bombardeamento das tropas russas na região de Donetsk. De acordo com a Sky News, o governador regional de Donetsk, Pavlo Kyrylenko, revelou que as duas crianças, de cinco e 14 anos, morreram quando um míssil atingiu um prédio naquela região, numa altura em que as tropas russas investem numa ofensiva no leste da Ucrânia.
  • A embaixadora da Ucrânia em Lisboa, Inna Ohnivets, disse numa entrevista à Lusa que a reabertura da Embaixada de Portugal em Kiev seria um passo “muito importante” para demonstrar a segurança na capital ucraniana e para que mais países regressem à Ucrânia.
  • Mykhailo Podolyak, conselheiro de Volodymyr Zelenksy, acusou a Rússia de continuar a atacar a fábrica de Azovstal, em Mariupol, nomeadamente através de bombardeamentos. Nas publicações no Twitter, o conselheiro ucraniano pediu à Rússia que anuncie uma “verdadeira trégua de Páscoa”, que permita “imediatamente” a abertura de corredores humanitários (que têm falhado constantemente) e que seja iniciada uma “ronda especial de negociações”.
  • A ONU apelou a uma trégua imediata em Mariupol, para permitir a retirada dos cerca de 100 mil civis ainda encurralados nesta cidade portuária ucraniana, quase totalmente controlada pelo exército russo.
  • Vários membros locais da missão de observação da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) foram detidos na região de Donbass, no leste da Ucrânia.  A organização está “a utilizar todos os canais à sua disposição para facilitar a libertação”, revelou numa mensagem publicada na rede social Twitter.

Numa estação de metro, com dezenas de jornalistas, Zelensky destemido na primeira conferência de imprensa. “Não tenho direito de ter medo”

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