A empresa Kellogg’s avançou com um processo legal contra o governo britânico por causa de uma nova lei, a entrar em vigor em Outubro, que impede produtos pouco saudáveis de serem exibidos com destaque nos supermercados.
Dona de marcas de cereais como os Cornflakes, a Kellogg’s considera que o valor nutricional dos seus cereais deve ser analisado em conjunto com leite ou iogurte (que são por norma os produtos com os quais aqueles se consomem). Com a nova lei, os cereais desta marca seriam proibidos de estar em prateleiras no final dos corredores de supermercado, assim como junto das caixas de pagamento ou na entrada da lojas. Além disso, também não poderiam ser exibidos em destaque nos sites das lojas de venda. Em causa estão os valores de gordura, sal e açúcar.
Acreditamos que o método utilizado pelo governo para medir o valor nutricional dos cereais está errado e não tem base legal”, afirmou ao The Guardian Chris Silcock, diretor da empresa no Reino Unido. “Mede os cereais secos quando são na sua maioria comidos com leite. Tudo isto importa porque, a não ser que se tenha em conta os elementos nutricionais adicionais quando os cereais são comidos com leite, o valor nutricional completo da refeição não é medido.”
A decisão de avançar com um processo contra o Departamento de Saúde e Segurança Social do Reino Unido foi tomada depois de tentativas de “diálogos razoáveis com o governo” terem falhado, explica a empresa. Já o departamento de saúde defende a decisão tomada.
Os cereais do pequeno-almoço contribuem com 7% — uma percentagem significativa — para a média diária de açúcares consumidos pelas crianças”, afirmou ao jornal britânico um representante do Departamento de Saúde. “Restringir a promoção e publicidade de comidas menos saudáveis é uma parte importante da estratégia do governo na redução em metade da obesidade infantil em 2030, prevenir doenças malignas e melhorar a expectativa de uma vida saudável, para que consigamos aumentar os níveis de saúde em toda a nação.”
O mesmo porta-voz do departamento do governo explicou que a obesidade custa anualmente seis mil milhões de libras — mais de sete mil milhões de euros — ao Sistema Nacional de Saúde britânico.
Katrina Anderson, advogada da firma Osborne Clarke, explicou ao Telegraph que o processo poderia incentivar outras empresas alimentares a apresentarem as suas próprias justificações para que os seus produtos não fossem boicotados.