Fruto de contratempos ou nem por isso, os Estados Unidos da América (EUA) já perderam pelo menos seis armas nucleares desde a Guerra Fria. Como? As circunstâncias nem sempre são claras, o Pentágono não esclarece muito, mas os registos e relatos que existem não deixam margem para dúvidas: é uma história de muitos azares.
1. A bomba nuclear Mark 4 largada no Pacífico
Quase cinco anos após o bombardeamento atómico de Hiroshima, a 13 de fevereiro de 1950, durante um “ataque simulado” contra a União Soviética, um bombardeiro B-36 norte-americano — que partiu do Alasca rumo ao Texas — começou a ter problemas no motor. Dificuldades na aterragem fizeram com que a tripulação largasse a bomba nuclear Mark 4 no Oceano Pacífico. Segundo o IFL Science, os militares alegaram que a bomba tinha “apenas” urânio e TNT (e sem plutónio) e, por isso, não era capaz de provocar uma explosão nuclear.
2. O mistério do Boeing B-47 Stratojet
A 10 de março de 1956, um Boeing B-47 Stratojet partiu da Base Aérea de MacDill, na Florida, em direção a Marrocos — um voo no qual não estavam previstas escalas — e com “duas cápsulas nucleares” a bordo. Era suposto o respetivo Boeing ser reabastecido a meio do voo, só que o avião encarregue desta tarefa não encontrou o B-47 Stratojet nos céus e, até hoje, não foram encontrados vestígios nem da aeronave nem do material nuclear, sendo desconhecido o que terá ocorrido no misterioso desaparecimento.
3. A bomba nuclear Mark 15
Nas primeiras horas de 5 de fevereiro de 1958, um bombardeiro B-47, que carregava uma bomba nuclear Mark 15 com 3.400 quilos, colidiu acidentalmente com uma aeronave F-86 durante uma missão de treino de combate. O B-47 (já danificado devido à colisão) tentou aterrar várias vezes, mas sem sucesso e, então, a tripulação decidiu lançar a bomba na foz do rio Savannah, no estado da Geórgia, para conseguir pousar no solo. Onde foi parar? Ninguém sabe — e, como relata o IFL Science, parece não haver possibilidade de a recuperar.
4. As Mark 39 que não explodiram por muito pouco
A 24 de janeiro de 1961, outro percalço somava-se ao arquivo norte-americano: a asa de um bombardeiro B-52, que transportava duas bombas nucleares, as Mark 39, com potência de três ou quatro megatoneladas — energia libertada pela explosão de uma carga de dois ou três milhões de toneladas de TNT (trinitrotolueno) — partiu-se durante uma missão nos céus de Goldsboro, na Carolina do Norte. Uma das bombas aterrou intacta, pois o paraquedas de emergência abriu a tempo e ficou suspenso numa árvore e não detonou por pouco. A outra caiu em campos lamacentos ao redor da cidade e desintegrou-se mas não explodiu, tendo sido parcialmente recuperada. Em 2012, foi colocada uma placa perto do sítio onde o avião caiu.
Goldsboro Nuclear Mishap Marker in Eureka, North Carolina https://t.co/OkOf3fUs5g pic.twitter.com/6Z7T8gK7eP
— Sal Riordan (@salriordan) April 21, 2018
5. A arma nuclear que caiu do porta-aviões para o fundo do mar
Insólito ou não, a 5 de dezembro de 1965, uma aeronave A-4E Skyhawk — que, como em todos os casos, carregava uma arma nuclear — caiu do porta-aviões USS Ticonderoga, ancorado no Mar das Filipinas, perto do Japão. Só em 1989, noticiava o The New York Times, os EUA admitiram que o dispositivo perigoso estava no fundo do mar a cerca de 128 quilómetros de distância de uma ilha japonesa.
6. A arma que naufragou com o submarino Scorpion
Sem data definida, só se conhece o ano (1968), o exército dos EUA perdeu uma arma nuclear de tipo indeterminado que seria transportada pelo submarino Scorpion, movido a energia nuclear, que naufragou. Em 1981, informava o site UPI que o Pentágono recusou comentar a natureza das armas a bordo, mas uma fonte ligada à área da Defesa dos EUA disse que se tratava de pelo menos um míssil nuclear.