André Ventura não justificou a saída de Nuno Afonso de chefe do grupo parlamentar do Chega, dizendo apenas tratar-se de uma “decisão política interna”. “Foi uma decisão tomada por mim e validada pelos outros deputados”, afirmou o líder do Chega em conferência de imprensa, sem adiantar mais detalhes e referindo apenas que “foi falada com o próprio”.

Esta sexta-feira, André Ventura apresentou a exoneração de Nuno Afonso, chefe de gabinete parlamentar do Chega, pouco mais de um mês depois de ter mantido o militante número dois do partido neste cargo, que já tinha na anterior legislatura.

Desafiado a dizer se mantém a confiança política no também vereador do Chega em Sintra, André Ventura esclareceu que se trata de uma decisão circunscrita ao Parlamento e que, por enquanto, o partido não vai dizer nada sobre o autarca.

Relativamente a Manuel Matias, que se demitiu por ser pai da deputada Rita Matias, Ventura admitiu estar convencido de que “não existiu nenhuma ilegalidade”.

Manuel Matias, assessor do Chega, demite-se por ser pai da deputada Rita Matias

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Chega propõe “grande conferência de direita” com PSD e IL

André Ventura anunciou que o Chega enviou uma carta a Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva (os dois candidatos à liderança do PSD) e a João Cotrim Figueiredo, presidente da Iniciativa Liberal, a desafiar os dois partidos para a participação numa “grande conferência de direita” com o intuito de construir uma “alternativa ao espaço socialista em Portugal”.

“Temos expectativa de que a proposta possa ser aceite como reconhecimento dos erros que Rui Rio cometeu ao não aceitar a proposta do Chega”, realçou o líder do Chega, que esclareceu que a “conferência decorrerá caso o PSD aceite ou não aceite” e que serão convidados outros partidos sem assento parlamentar.

O presidente do Chega admitiu as “diferenças” entre partidos, mas revelou que o objetivo é haver um “encontro periódico todos os anos, durante quatro anos” para que nas próximas eleições haja uma “alternativa de governo” ao PS.

Em causa está um entendimento em cinco pontos para que haja “convergência à direita”, nomeadamente uma “política económica à direita orientada para o crescimento”, uma “política fiscal e económica orientada para a produtividade e aumento de salários e pensões”, a participação portuguesa nas instituições internacionais, a reforma da justiça (“Sabemos ser uma das áreas em que há mais colisão entre Chega e PSD”)  e a reforma do sistema eleitoral.

“O nosso erro foi não termos feito isto a tempo”, lamentou o presidente do Chega, apontando agora para o futuro: “Caso Luís Montenegro vença as eleições parece-me que há a possibilidade de se fazer um caminho numa lógica de convergência, caso Jorge Moreira da Silva vença penso que será um caminho mais difícil e obtuso, mas merece que o tentemos na mesma.”