A Ucrânia pediu este sábado aos Médicos Sem Fronteiras (MSF) para retirarem e tratarem soldados entrincheirados no complexo siderúrgico de Azovstal, em Mariupol, num comunicado difundido algumas horas após o anúncio de retirada dos civis.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, enviou uma carta a Michel-Olivier Lacharité, responsável dos programas de emergência da organização humanitária e chefe da missão MSF na Ucrânia, indica um comunicado do Ministério da Reintegração dos territórios temporariamente ocupados da Ucrânia.
Segundo o comunicado, redigido em inglês, “numa referência aos princípios que regem o trabalho da organização MSF”, a vice-primeira-ministra “apela aos MSF que organizem uma missão destinada a retirar os defensores de Mariupol e de Azovstal e a fornecer cuidados médicos aos feridos, cujos direitos humanos foram violados pela Federação da Rússia”.
Os defensores do vasto complexo industrial “encontram-se desde há 72 horas submetidos a bombardeamentos e ataques incessantes do exército russo” e, “por falta de medicamentos, de água e alimentos, os soldados feridos morrem de gangrena e de septicemia”, indica o ministério.
Previamente, Kiev tinha anunciado que todas as mulheres civis, crianças e idosos que se encontravam com os soldados foram retirados dos corredores do subsolo, que datam da época soviética, num local que constituiu a última bolsa de resistência das forças ucranianas face ao exército russo nesta cidade portuária cercada e devastada.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e a ofensiva militar provocou já a morte de mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.