Ultrapassado que está o muito aguardado dia 9 de maio, o “Dia da Vitória” na Rússia, os bombardeamentos em Odessa são um dos principais destaques noticiosos do início deste 76º dia do conflito na Ucrânia. Este dia está ainda a ser marcado pelas buscas do Ministério Público à Câmara Municipal de Setúbal por suspeita de violação de dados pessoais no caso que envolve o acolhimento de refugiados no município por cidadãos russos pró-Putin.
Também esta terça-feira ficou a saber-se que o Governo pediu à Comissão de Proteção de Dados uma investigação ao caso de Setúbal. Ainda sobre a polémica, o Chega quer avançar com uma uma comissão parlamentar de inquérito.
O que aconteceu durante a tarde e a noite?
- O autarca de Mariupol, Vadym Boychenko, sinalizou que ainda há civis escondidos na fábrica siderúrgica de Azvostal.
- A diretora dos serviços de informação dos EUA, Avril Haines, alertou para a possibilidade de o Presidente russo, Vladimir Putin, decretar a lei marcial na Rússia.
- A Ucrânia disse que conseguiu, nos últimos dias, recuperar aldeias a norte e nordeste de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia que tem estado sob intensos bombardeamentos russos.
- Entre oito e dez generais russos terão sido mortos na guerra na Ucrânia, segundo o tenente-general Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência da Defesa.
- A Bielorrússia vai enviar mais tropas para a fronteira com a Ucrânia. A notícia está a ser avançada pela agência de notícias estatal Belta, segundo a qual a Bielorrússia vai enviar forças de operação especial “para responder à ameaça das Forças Armadas da Ucrânia”.
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou as reconquistas por parte das forças ucranianas na cidade de Kharkiv, mas pediu para que não se crie uma “atmosfera” de vitória.
- Volodymyr Zelensky também discursou por videoconferência para o Parlamento da Eslováquia, onde defendeu que a Rússia está a tentar usar o gás para que “todo o continente europeu” lhe seja “obediente”.
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse aos deputados do Parlamento de Malta que, apesar dos pedidos, a Ucrânia não recebeu a quantidade de armas que necessita para romper o cerco a Mariupol e retomar a cidade.
- O chefe da diplomacia ucraniana considerou em Kiev a adesão do seu país à UE uma “questão de guerra ou de paz”e congratulou-se com a “mudança de posição” da política externa de Berlim face à Rússia.
- A República Checa substituiu a Rússia no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), após a suspensão de Moscovo daquele órgão após a invasão à Ucrânia.
- Os EUA acreditam que a Rússia está com duas semanas de atraso na invasão à região de Donbass, assim como no sul do país, onde tem lançado ataques a Mariupol e Odessa, disse um alto funcionário da Defesa dos EUA.
- O primeiro-ministro de Itália, Mario Draghi, está de visita à Casa Branca, onde reiterou a união com os EUA contra Putin: “Os laços entre os nossos dois países têm sempre sido fortes, e esta guerra fortaleceu-os. O Putin achava que conseguiria dividir-nos. Estamos unidos na contenção da invasão da Ucrânia, sancionando a Rússia”, disse, perante Joe Biden.
- A Câmara dos Representantes deverá votar um novo pacote de ajudas à Ucrânia no valor de 40 milhões de dólares (quase 38 mil milhões de euros). A legislação seguirá depois para o Senado.
O que aconteceu durante a manhã?
- A guerra que Vladimir Putin está a travar na Ucrânia tem “tendência para escalar” e para tornar-se “mais imprevisível“, avisou esta terça-feira a diretora dos Serviços Nacionais de Informação, Avril Haines.
- O Ministério Público esteve, esta terça-feira, a fazer buscas na Câmara Municipal de Setúbal por suspeita de violação de dados pessoais no caso que envolve o acolhimento de refugiados no município por cidadãos russos pró-Putin. A PJ também está envolvida nas buscas.
- O Governo pediu à Comissão de Proteção de Dados uma investigação ao caso dos refugiados ucranianos em Setúbal, assim como uma inspeção à Câmara Municipal, “de forma a que se possa apurar o que aconteceu”, revelou a ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, numa audição no Parlamento.
- Já o Chega quer avançar com uma uma comissão parlamentar de inquérito sobre a polémica dos refugiados recebidos por russos na Câmara de Setúbal.
- O Presidente francês, Emmanuel Macron, falou com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, para tentar finalizar o acordo que proíba a importação de petróleo russo.
- São versões diferentes as das presidências francesa e chinesa em relação ao telefonema de 90 dias entre os dois chefes de Estado, que aconteceu esta terça-feira. A imprensa estatal chinesa diz que Xi Jinping avisou Macron que eventuais confrontos entre blocos como resultado da guerra na Ucrânia podem levar a uma ameaça mais duradoura à paz. Já em comunicado, o Eliseu escreve que os dois presidentes concordaram na “urgência de um cessar-fogo na Ucrânia”.
- Além de permanecerem mais de 100 civis na siderúrgica Azovstal (tal como denunciado pelo governador de Donetsk), continuam também encurralados “mais de mil” soldados ucranianos, muitos deles feridos, segundo a primeira-ministra adjunta da Ucrânia, Iryna Vereshchuk.
- A Rússia recusou participar na sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre “a deterioração da situação dos direitos humanos na Ucrânia”, anunciou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, que apelidou a sessão como um “novo espetáculo político organizado sob a forma de uma sessão extraordinária”.
- A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, fez esta terça-feira uma visita surpresa a Kiev e a Bucha. E anunciou que a Alemanha se prepara para reabrir progressivamente a embaixada na capital ucraniana. Além disso, Baerbock indicou que as “importações [energéticas] russas vão descer para zero e ficar assim para sempre”.
- O número de mortes de civis na Ucrânia será superior em “muitos milhares” às estimativas oficiais, afirmou Matilda Bogner, que lidera a comissão das Nações Unidas que está a monitorizar o cumprimento dos Direitos Humanos na Ucrânia. A contagem oficial de mortos, entre civis, está em 3.381 pessoas.
- A economia ucraniana vai encolher em cerca de um terço este ano, à medida que se arrasta a invasão por parte da Rússia. A estimativa foi divulgada esta terça-feira pelo Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD).
- O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, condenou de forma “veemente” os ciberataques russos que ocorreram uma hora antes da invasão da Ucrânia para “facilitar a agressão militar”, ao causarem interrupções e problemas de comunicação.
- Membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa aprovaram uma resolução esta terça-feira que, segundo a Reuters, pode levar ao encerramento do escritório regionalda Rússia e a suspensão de reuniões no país.
- O número de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia devido à guerra ultrapassou a marca de 8 milhões, mais 24% do que os valores publicados anteriormente, anunciou hoje a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
- O presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitschko, revelou no Telegram que reparar os danos provocados pelos ataques russos aos edifícios da capital ucraniana vai custar 70 milhões de euros.
O que aconteceu durante a noite e madrugada?
- “É mais um terrível crime de guerra cometido pelos ocupadores russos contra a população civil”, afirmou o governador regional de Kharkiv. Foram encontrados 44 corpos de civis em Izyum, junto a um prédio de cinco andares que foi bombardeado pela Rússia em março.
- Os bombardeamentos da última noite, na cidade de Odessa, causaram pelo menos um morto e cinco feridos, segundo as autoridades ucranianas. Terão sido disparados sete mísseis que atingiram um centro comercial e um armazém, entre outros locais.
- Afinal, permanecem mais de 100 civis na siderúrgica Azovstal – ao contrário dos relatos do fim de semana que diziam que todos tinham sido retirados. O governador de Donetsk declarou que há “definitivamente” mais de 100 civis na fábrica, onde estão os últimos membros da resistência de Mariupol.
- Joe Biden reconheceu não ter ainda uma resposta para o que diz ser uma ausência de estratégia de saída por parte de Putin, que possa levar ao fim da guerra na Ucrânia. “Estou a tentar perceber o que é que fazemos quanto a isso“, afirmou o Presidente norte-americano, em declarações feitas ao final do dia de segunda-feira, em Washington DC.
- Também nos EUA, o Presidente Biden assinou uma nova versão do “Lend-Lease Act”, uma lei originalmente criada durante a Segunda Guerra Mundial que vai permitir aos EUA cederem material bélico à Ucrânia. Volodymyr Zelensky agradeceu no Twitter o apoio do Presidente norte-americano “na luta pela liberdade e futuro” da Ucrânia.