O 78.º dia de guerra na Ucrânia está a ser marcado pela oficialização, por parte do Presidente e da primeira-ministra finlandesa, do pedido de adesão do país à NATO, que vai mesmo avançar e “sem demora”. Mas a Rússia já avisou que esta decisão pode ser considerada como uma ameaça e uma “razão para uma resposta simétrica”.
No oblast de Lugansk, no leste do país, prosseguem os bombardeamentos russos. De acordo com Serhiy Haidai, o governador local, nas últimas 24 horas foram registados 26 ataques, que danificaram pelo menos 24 edifícios residenciais. Entretanto, na mesma região, para travar os avanços das tropas russas, o Ministério da Defesa anunciou que foram destruídas pelo menos duas pontes sobre o rio Donets. Através do Twitter, o ministério partilhou imagens de satélite onde são visíveis inúmeros tanques e veículos destruídos, mas não avançou quaisquer números sobre a operação levada a cabo pela 17.ª brigada de tanques do exército ucraniano.
Em Komyshuvakha, no oblast de Zaporíjia, pelo menos uma pessoa morreu e várias ficaram feridas depois de terem sido disparados 18 mísseis contra áreas residenciais da cidade, denunciou via Telegram o governador Oleksandr Starukh. Cerca de 60 casas ficaram danificadas.
Eis um ponto da situação, para ficar a par de tudo o que aconteceu nas últimas horas da guerra na Ucrânia. Pode ler também o liveblog do Observador, onde todas as notícias sobre o conflito são atualizadas ao minuto.
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O que aconteceu durante a tarde e a noite:
- O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que está disponível para conversar com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, “mas sem ultimatos”.
- Um conselheiro do ministério do Interior ucraniano, Anton Gerashchenko, que afirmou que a Rússia “perdeu outro navio no Mar Negro” perto da Snake Island.
- O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiu que vai abrir um inquérito a violação “dos direitos humanos, cuja situação se tem degradado na Ucrânia após a invasão russa”, em particular à situação em Mariupol e outras cidades como Kiev, Chernihiv, Kharkiv e Sumy.
- “Em vez de discutir as causas verdadeiras que levaram a esta crise no país e procurar maneiras de as resolver, o Ocidente está a organizar outra tentativa política para demonizar a Rússia”, afirmou Gennady Gatilov, embaixador russo nas Nações Unidas, em reação ao inquérito.
- Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, avançou que está a ser negociada a saída de 38 soldados gravemente feridos da fábrica de Azovstal, em Mariupol. O local continua a ser bombardeado.
- As forças russas atacaram com quatro mísseis a maior refinaria de óleo em Kremenchuk, avança Dmytro Lunin, o governador da região de Poltava citado pelo Kyiv Independent.
- A ONU visitou na semana passada 14 cidades e aldeias situadas nas regiões de Kiev e de Chernihiv, que estiveram até ao final de março sob o controlo das forças russas, e Michelle Bachelet, Alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, disse que foram encontrados mais de mil corpos só na região de Kiev.
- A UNICEF anunciou que morreram cerca de cem crianças só no mês de abril. “E acreditamos que os números reais são consideravelmente superiores“, disse Omar Abdi, vice-diretor deste organismo.
- Mais de seis milhões de pessoas fugiram da Ucrânia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, informou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
- Putin falou sobre as consequências económicas das sanções impostas à Rússia e acusou os países ocidentais de provocarem uma crise global com as medidas anunciadas ao longo das últimas semanas.
- A empresa russa Gazprom anunciou esta quinta-feira que vai cortar a distribuição de gás através do gasoduto Yamal, que passa pela Polónia e tem como destino vários países europeus, avançou a CNN.
- O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, reclamou a concessão à Ucrânia do estatuto de país candidato à adesão à União Europeia e manifestou esperança que a decisão fosse tomada na próxima cimeira europeia em junho.
- A Comissão Europeia apresentou várias iniciativas para ajudar a Ucrânia a conseguir exportar os seus cereais e outros produtos agrícolas.
- Já se sabia que trigo e outros grãos estariam a ser roubados pela Rússia à Ucrânia, sendo enviados para a Síria por via marítima. Agora, foram divulgadas imagens da Maxar Techonologies que mostram um navio mercante russo, o Matros Pozynich, no porto sírio de Latakia.
- A decisão da Finlândia de aderir à NATO foi saudada pelochanceler alemão, Olaf Scholz, que conversou ao telefone com o Presidente finlandês, Sauli Niinistö, sobre o assunto.“Assegurei o apoio total do governo federal” alemão.
- Em Portugal, a Iniciativa Liberal apresentou um pacote de medidas em que propõe a suspensão dos apoios públicos às associações ligadas a entidades sancionadas no âmbito da invasão russa da Ucrânia e a eliminação gradual de todas as importações de gás importado da Rússia.
O que aconteceu durante a manhã e início da tarde:
- A confirmação do pedido de adesão da Finlândia à NATO já provocou reações. Zelensky falou com o Presidente finlandês e os dois debateram a forma como podem conjugar as suas forças de defesa.
- O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pronunciou-se também sobre o pedido da Finlândia, dizendo que o país vai ser “calorosamente recebido na NATO”. “O processo de adesão será suave e rápido”, acrescentou.
- Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, afirmou que a adesão da Finlândia será “um passo histórico” que contribuirá para a segurança da Europa.
- Do lado da Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a adesão da Finlândia à NATO é “definitivamente” uma ameaça à Rússia e uma “razão para uma resposta simétrica”. E Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros, adiantou que “a Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica, quanto de outra maneira, a fim de impedir que surjam ameaças à sua segurança nacional”.
- A Rússia alertou também que a ajuda militar ocidental à Ucrânia e os exercícios da NATO perto das fronteiras aumentam o risco de uma guerra nuclear.
- Quase 10 mil soldados chegaram esta quinta-feira à Macedónia do Norte para exercícios da NATO em cinco locais diferentes.
- A Suécia planeia fazer o pedido de adesão à NATO já na próxima semana. O parlamento sueco vai debater a situação de segurança do país já na próxima segunda-feira.
- O combatente ucraniano que casou na fábrica de Azovstal, em Mariupol, morreu três dias depois do casamento. A notícia foi avançada pelas Forças Armadas ucranianas.
- A cidade de Mariupol tem sido bombardeada desde o início da invasão, no dia 24 de fevereiro, e a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirmou que o número de mortos deverá chegar “aos milhares” e disse estar chocadas com as inúmeras violações dos direitos humanos cometidas.
- O fornecimento de gás russo à Europa está a ser afetado. Esta quinta-feira, a empresa russa Gazprom anunciou que o trânsito de gás russo vai cair 30%.
O que aconteceu durante a madrugada e início da manhã:
- As comunicações móveis no Oblast de Lugansk foram cortadas, anunciou o governador local durante a madrugada no Telegram. Nas últimas 24 horas, disse também Serhiy Haidai, as tropas russas empreenderam 26 ataques na região.
- Pelo menos duas pontes foram destruídas em Lugansk pelo exército ucraniano, para impedir o avanço dos soldados russos.
- Moscovo “é hoje a ameaça mais direta à ordem mundial com a guerra bárbara contra a Ucrânia e o perturbador pacto com a China”, disse esta manhã Ursula Von der Leyen em Tóquio, onde decorre a 28.ª cimeira UE-Japão.
- Entre as 4h do dia 24 de fevereiro e a meia-noite de 10 de maio, o Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas registou 7.256 baixas civis na Ucrânia — 3.496 pessoas morreram e outras 3.760 ficaram feridas. O número efetivo de baixas civis, ressalvou ainda assim a agência, será “consideravelmente mais elevado”.
- Dmitri Medvedev, ex-presidente da Rússia, acusou os Estados Unidos de estarem a realizar uma “guerra por procuração” contra Moscovo na Ucrânia, através do fornecimento de ajuda sem precedentes a Kiev.
- Serhiy Volyna, comandante da 36.ª Brigada de Fuzileiros Navais, pediu ajuda ao “superhumano” Elon Musk para retirar os ucranianos do complexo industrial de Azovstal — último reduto da resistência ucraniana em Mariupol. “As pessoas dizem que vem de outro planeta para ensinar as pessoas a acreditar no impossível. Os nossos planetas estão próximos um do outro, pois moro onde é quase impossível sobreviver. Ajude-nos a sair de Azovstal para um país mediador. Se não for você, então quem?“, escreveu no Twitter.
- Presidente da Câmara de Kiev diz que receia que Rússia utilize armas nucleares táticas na capital ucraniana. Em entrevista à CNN, Vitalii Klitschko assumiu-se incapaz de assegurar a segurança dos cidadãos que agora começam a regressar à cidade e disse que “não há dúvida” de que Kiev continua a ser o principal alvo da Rússia na guerra.
- As forças russas continuam a bombardear a metalúrgica Azovstal, denunciaram esta quinta-feira as Forças Armadas ucranianas.