O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) reeleito este sábado, Mário Nogueira, considerou que o facto de passar a ter dois adjuntos permitirá “fazer mais e fazer melhor”, num tempo que “será mais exigente”.
“Temos um governo que tem maioria absoluta e, normalmente, nessas alturas, a capacidade de dialogar e negociar acaba por ser menor”, disse Mário Nogueira aos jornalistas, depois de serem anunciados os resultados da votação para o Conselho Nacional da Fenprof.
A lista A, a única colocada a votação para o Conselho Nacional, foi hoje eleita com 90,34% dos votos. Dos 579 elementos que faziam parte do caderno eleitoral, votaram 559 (96,55%), 505 dos quais na lista A. “Depois de uma votação com um resultado tão significativo como 90%, nesta lista de que eu era o primeiro candidato, evidentemente que isso nos responsabiliza ainda mais. Seria uma frustração para quem nos elege que depois não cumpríssemos a missão para a qual fomos eleitos”, afirmou.
Esta votação ocorreu na sequência de uma alteração dos estatutos – que passaram a permitir uma coordenação colegial – que foi aprovada na sexta-feira, com 80,4% dos votos a favor.
“Foram 80% e a contraprova era hoje, a lista. Com 90% quer dizer que a contraprova foi inequívoca e, portanto, mesmo alguns colegas que não votaram favoravelmente à alteração dos estatutos, votaram agora favoravelmente esta solução e a minha continuidade”, sublinhou Mário Nogueira.
O dirigente explicou que não haverá distribuição de pelouros ou de áreas: “Será sobretudo uma questão de procurarmos ver, de uma forma coletiva, o que está agendado” e “irmos distribuindo e vermos qual é que está em melhores condições de dar resposta”. No que respeita às negociações com o Ministério da Educação, por exemplo, “numa negociação acompanhará um, noutra outro”. Relativamente às solicitações da comunicação social, fez votos para que “não se queira sempre que vá o mesmo, porque às vezes isso não dá”.
Hoje foi também aprovada a resolução sobre a ação reivindicativa na globalidade, por unanimidade, quando se encontravam 522 delegados dentro da sala.
“Vamos continuar a defender uma escola pública de qualidade e um investimento na educação, no ensino e na ciência, que são fundamentais, mas os professores não podem continuar a ficar para trás”, avisou Mário Nogueira. Do 14.º congresso da Fenprof, que hoje termina em Viseu, os participantes vão sair com a frase: “É tempo de também ser tempo dos professores”.
“Quer dizer que o Ministério da Educação também tem de dar atenção aos professores, e a primeira coisa que nós pretendemos é que sejam abertos processos negociais para resolver os problemas da precariedade, da carreira, do envelhecimento e das condições de trabalho”, frisou. Na sua opinião, “se isto for resolvido”, ficará igualmente solucionado “um problema gravíssimo que se chama falta de professores”.
Mário Nogueira não excluiu a possibilidade de os professores voltarem à rua “caso os governos continuem a achar que o tempo não é dos professores”, mas, para já, a Fenprof privilegiará “o regresso às negociações”.