A economia portuguesa deverá crescer 5,8% em 2022 e 2,7% em 2023, segundo as novas previsões divulgadas esta segunda-feira pela Comissão Europeia. A confirmarem-se estas projeções, revistas em alta, o crescimento nacional em 2022 será o mais expressivo em toda a Europa e mais do que o dobro da média europeia – algo que se deve a uma “trajetória diferente” de recuperação. Já a inflação deverá ser de 4,4%, segundo Bruxelas, abaixo da média europeia de 6,1% e muito acima dos 2,3% anteriormente previstos.

As novas projeções da Comissão Europeia colocam Portugal como o país europeu com maior crescimento em 2022, com apenas a Irlanda (5,4%) a registar uma taxa de crescimento próxima do português – note-se, porém, que esse crescimento irlandês vem de um ano de 2021 em que o Produto Interno Bruto (PIB) disparou 13,5%, contra os 4,9% de Portugal.

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Questionado diretamente sobre as previsões para Portugal, o comissário Paolo Gentiloni confirmou que a Comissão Europeia tem “boas previsões para o crescimento e para o nível de dívida/PIB para Portugal, que em 2023 deverá atingir 115%, o que é menor do que o nível anterior à pandemia”.

Sobre as taxas de crescimento, que em 2022 poderão ser as mais elevadas da Europa, Gentiloni comentou que esse efeito também se deve ao facto de Portugal ter tido “uma trajetória diferente” na recuperação pós-pandémica. Isto é, não foi tão forte em 2021, comparando com outros países”, pelo que agora está a recuperar mais.

Por outro lado, Paolo Gentiloni salientou a importância da “reabertura do turismo, para um país onde o turismo estrangeiro tem um papel preponderante”.

em fevereiro Bruxelas tinha melhorado as previsões de crescimento português. A revisão em alta das projeções para a economia nacional surge apesar de a Comissão Europeia ter, esta segunda-feira, cortado de forma significativa as previsões de crescimento europeu.

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Se dantes Bruxelas apontava para um crescimento de 4,4% na zona euro em 2022, essa previsões caiu para pouco mais de metade: 2,7% em 2022. Também para a União Europeia, como um todo, se preveem taxas de crescimento económico de 2,7% e 2,3% em 2023.

O crescimento previsto pela Comissão Europeia para Portugal supera, também, os 4,9% que estão previstos pelo Governo no Orçamento do Estado.

Também relativamente a Portugal, Bruxelas prevê que a taxa de desemprego desça para 5,7% em 2022 (contra 6,6% no final de 2021) e para 5,5% em 2023. E o défice público ficará abaixo de 2% – 1,9% – em 2022, caindo depois para 1% em 2023, prevê a Comissão Europeia.

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“As previsões para a economia europeia antes do eclodir da guerra eram de uma expansão prolongada e robusta. Mas a invasão russa da Ucrânia traz novos desafios, precisamente numa altura em que a União tinha recuperado dos impactos económicos da pandemia”, afirma a Comissão Europeia, admitindo que as tensões geopolíticas possam não se reduzir no horizonte de projeção, ou seja, até ao final de 2023.

Bruxelas acrescenta que “ao provocar pressões altistas nos preços das matérias-primas, novas perturbações nas cadeias de abastecimento e maior incerteza”, a guerra na Ucrânia “está a exacerbar bloqueios anteriores ao crescimento, bloqueios que se esperava poderem reduzir-se”. Assim, com a guerra, isso dificilmente irá acontecer, pelo que a União Europeia anuncia uma revisão em baixa das perspetivas de crescimento – a maior de sempre – e um aumento das previsões para a inflação, que Bruxelas reconhece estar a generalizar-se (isto é, alastrando-se na economia além dos preços da energia).

“A nossa economia ainda está longe de uma situação normal”, afirmou o comissário europeu Paolo Gentiloni, admitindo que as previsões podem ser revistas no futuro, com tendência para refletirem um crescimento mais baixo e uma inflação mais elevada.