A Comissão Europeia melhorou esta quinta-feira as previsões de crescimento para a economia portuguesa em 2022 e 2023 – mesmo tendo revisto em baixa as estimativas para a zona euro. Depois da expansão de 4,9% em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer, afinal, 5,5% em 2022 e 2,6% em 2023. A inflação também será mais forte do que estava previsto, mas Portugal deverá continuar a sentir menos impacto do que os outros países, a esse nível.

As novas estimativas estão nas previsões intercalares (de inverno) que Bruxelas divulgou esta quinta-feira e contrastam com os 5,3% e 2,4%, respetivamente, que a Comissão Europeia tinha indicado nas previsões de outono, há três meses. Também o crescimento de 2021 foi revisto em alta, para os 4,9% que o INE já tinha calculado a 31 de janeiro (nas previsões de outono, Bruxelas tinha previsto 4,5%).

Os números atualizados de Bruxelas vão ao encontro das expectativas do Governo, que recentemente reiterou a sua confiança de que a economia portuguesa irá crescer este ano 5,5% ou até mais. A confirmar-se, o crescimento português de 5,5% em 2022 irá superar os 4% que deverá crescer a economia da zona euro – porém, o crescimento em 2021 foi superior ao português (5,3%, contra 4,9% em Portugal).

Portugal no ‘top 3’ dos países da zona euro com maior crescimento este ano

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Portugal é, a par da Irlanda, o país com a terceira maior taxa de crescimento este ano entre os pares da zona euro – apenas ultrapassados pela previsão de expansão de 6% para Malta e de 5,6% para Espanha.

Considerando os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), a taxa prevista para Portugal é também igualada pela da Polónia.

Por outro lado, a Bélgica (2,7%), a Finlândia e os Países Baixos (ambos com 3%) são os países com o menor crescimento projetado para este ano.

“O recrudescimento das infeções por Covid-19 no início de 2022, bem como uma nova quebra nas viagens internacionais, deverá abrandar o crescimento económico português para 0,5% no primeiro trimestre de 2022”, afirma a Comissão Europeia, no relatório divulgado esta quinta-feira. “Porém, assumindo uma melhoria das condições pandémicas, é previsível uma retoma nas taxas de crescimento no segundo trimestre, quando se espera que a economia [portuguesa] volte aos níveis anteriores à pandemia”, acrescenta-se.

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Relativamente aos próximos anos, a Comissão Europeia antevê que “a procura interna deverá contribuir significativamente para o crescimento em ambos os anos”, isto é, 2022 e 2023. A execução do Plano de Recuperação e Resiliência será um elemento importante, refere Bruxelas. Porém, de um modo geral, a Comissão Europeia indica que “o equilíbrio entre riscos positivos e negativos pende um pouco para o lado negativo, já que o turismo estrangeiro poderá sofrer novos revezes caso a pandemia provoque mais disrupção”.

Na zona euro, as previsões para o PIB foram revistas em baixa – o crescimento de 4% em 2022 contrasta com os 4,3% que tinham sido previstos, em novembro.

Na conferência de imprensa desta quinta-feira, o comissário europeu Paolo Gentiloni comentou o caso português salientando que existem “boas previsões” para o crescimento em Portugal. A Comissão Europeia confirmou que “não incluímos resultados das eleições nas nossas previsões – não seria fácil fazê-lo” – Bruxelas está a aguardar que Portugal entregue uma nova proposta de Orçamento a Bruxelas assim que o novo governo tome posse.

Gentiloni adiantou, porém, comentando a nova vitória do PS, que “estabilidade é uma boa notícia, neste tipo de avaliação económica”.

Inflação mais rápida, mas menos pronunciada que na zona euro

Quanto à taxa de inflação, esta será mais forte do que inicialmente previsto – embora Portugal continue a ter estimativas menos preocupantes do que o resto da Europa. Os preços em Portugal devem, afinal, subir 2,3% em 2022, depois dos 0,9% de 2021.

Estes valores superam os 0,8% previstos no outono, para 2021, e os 1,7% que tinham sido calculados para 2022. Em 2023, por outro lado, a taxa de inflação em Portugal deverá abrandar para 1,3%, acredita a Comissão Europeia.

Para a zona euro, Bruxelas avança com previsões de uma subida dos preços média de 3,5% em 2022, depois dos 2,6% de 2021. Depois desses 3,5% de 2022, a expectativa da Comissão Europeia é que a taxa de inflação caia para metade no ano seguinte, 2023: para 1,7%, aproximando-se do objetivo de médio prazo do Banco Central Europeu (que é de 2%).

Estimativas “reforçam perspetivas positivas para recuperação”, diz João Leão

O ministro das Finanças, João Leão, destaca que as previsões da Comissão Europeia “reforçam as perspetivas positivas para a recuperação da economia portuguesa” este ano.

“Os dados hoje divulgados pela Comissão Europeia reforçam as perspetivas positivas para a recuperação da economia portuguesa em 2022”, disse João Leão, num comentário enviado à Lusa.

O ministro de Estado e das Finanças salienta que, “apesar da pandemia ainda não estar completamente ultrapassada, a Comissão revê em alta o crescimento do país para este ano, em linha com as últimas estimativas oficiais do Governo, reforçando a credibilidade que Portugal alcançou junto das instituições internacionais”.

João Leão sublinha que “esta revisão ocorre num contexto de desemprego em mínimos dos últimos 19 anos (5,9% em dezembro de 2021) e com o emprego 1,5% acima do nível pré-pandemia”.