Quatro em cada cinco alunos LGBTQ preferem não revelar aos professores ou funcionários da escola que frequentam que pertencem a minorias de género ou sexuais, revela um inquérito realizado por uma equipa do Centro de Psicologia da Universidade do Porto (CPUP) junto de 700 jovens com o objetivo de perceber a experiência destes estudantes portugueses no contexto escolar e familiar.
De acordo com o Público, o estudo permitiu aos investigadores concluírem que as questões LGBTQ ainda são pouco visíveis nas escolas portuguesas e que persistem situações de bullying. Em comparação com os colegas heterossexuais ou cisgénero (que se identificam com o género com que nasceram), os estudantes LGBTQ são mais vezes alvo de insultos, boatos e mentiras, postos de parte ou ignorados, alvos de agressões físicas e cyberbullying, refere o jornal.
Quando questionados sobre a quem é que contaram que pertencem à comunidade LGBTQ, 81% dos jovens inquiridos responderam que não contaram a qualquer professor ou funcionário e apenas 3,3% admitiu ter revelado a todos ou à maior parte dos adultos na escola que frequentam Pelo contrário, 37% dos inquiridos confirmaram terem revelado à maior parte dos colegas e 43,8% disseram que todos os amigos sabiam.
Relativamente às tentativas de sensibilização, três em cada cinco estudantes admitiram nunca terem recebido informação em contexto escolar sobre bullying ou aceitação da comunidade LGBTQ. Mais de metade disse que os temas relacionados com as questões de género nunca foram abordados nas aulas de Educação Sexual ou nas aulas de uma maneira geral.
Metade dos alunos considerou que o pessoal docente e não-docente intervém “apenas ocasionalmente” ou “menos vezes do que o normal” em situações de bullying dirigido e quase 50% classificou estas intervenções como pouco ou nada eficazes.
O estudo do CPUP revela também que cerca de um em cada dez jovens LGBTQ foi alvo de uma tentativa de reconversão. Na maioria destes casos, a tentativa foi feita por um membro da família. Em oito casos, foi conduzida por um profissional de saúde, e em 15, por um religioso, refere o Público.