A Câmara de Lisboa aprovou esta segunda-feira uma proposta para “votar favoravelmente” a escolha de Pedro Bogas como presidente do conselho de administração da empresa de transporte público Carris, tutelada pelo município desde 2017.
Apreciada em reunião privada do executivo camarário, a proposta determina a designação do vereador do Planeamento de Mobilidade, Ângelo Pereira (PSD), como representante do município de Lisboa na assembleia geral da empresa municipal Carris, “para efeitos de eleição dos membros do conselho de administração, para o mandato em curso”.
A proposta inclui “mandatar o representante do município de Lisboa para votar favoravelmente a eleição como presidente do conselho de administração da Companhia Carris de Ferro de Lisboa, E.M., S.A., Pedro Gonçalo de Brito Aleixo Bogas”.
A votação da proposta foi “por pontos e voto secreto”, tendo a nomeação de Pedro Bogas para presidente da Carris sido aprovada por maioria, com sete votos a favor, cinco contra e cinco abstenções, segundo fonte do município.
Atualmente, o cargo de presidente do conselho de administração da Carris é ocupado por Tiago Farias, que exerce a função desde 2016.
“Com o novo mandato autárquico 2021-2025, torna-se necessário proceder à eleição dos membros do conselho de administração da Carris e da respetiva assembleia geral, bem como, designar o representante do município neste último órgão para exercer o seu direito de voto”, refere a proposta, explicando que o mandato dos titulares dos órgãos sociais “é coincidente” com o dos órgãos autárquicos.
Apesar da aprovação pelo executivo camarário, a eleição dos membros do conselho de administração da Carris compete à assembleia geral da empresa, “competindo-lhe igualmente determinar a sua cessação de funções […], mediante prévio mandato da câmara municipal”, indica o documento, acrescentando que os membros do conselho de administração, embora designados por prazo certo, se mantêm em funções até nova designação.
Relativamente à designação de um novo conselho de administração da Carris, a proposta refere que “os gestores públicos são escolhidos de entre pessoas com comprovada idoneidade, mérito profissional, competência e experiência de gestão, bem como sentido de interesse público, e eleitos nos termos da lei comercial”.
Nascido em 1973, Pedro Bogas já integrou um conselho de administração da Carris ao assumir em 2012 o cargo de vogal, depois de ter sido adjunto de Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes no Governo de PSD/CDS-PP entre 2011 e 2015.
Além da nomeação do futuro presidente da Carris, o executivo municipal aprovou votar favoravelmente as eleições de Ana Cristina Pereira Coelho e de Maria de Albuquerque Rodrigues da Silva Lopes Duarte como vice-presidentes do conselho de administração da empresa, assim como Sara Maria Pereira do Nascimento e Fernando Pedro Peniche de Sousa Moutinho como vogais.
Para a mesa da assembleia geral da Carris, os nomes propostos são Filipe Miguel dos Santos Pacheco como presidente, Paulo Jorge do Espírito Santo Caldas como vice-presidente e José Miguel Rosado Pereira Bibe como secretário, de acordo com a proposta aprovada.
Apesar do voto secreto, a vereadora única do BE, Beatriz Gomes Dias, anunciou que o seu voto foi contra a proposta para a nova administração da Carris, considerando que a nomeação de Pedro Bogas “é um erro e uma má notícia”, porque se trata de “um gestor que em 2012 foi nomeado pelo Governo de direita para privatizar a Carris e o Metro”.
A Carris é uma empresa de transporte público de passageiros da cidade de Lisboa, fundada em 1872, tendo sido tutelada desde 1975 pela Secretaria de Estado das Obras Públicas, dos Transportes e das Comunicações, na dependência do Ministério da Economia.
Em 1 de fevereiro de 2017, a Câmara de Lisboa assumiu a gestão da rodoviária Carris, 41 anos depois de a “ter perdido” para o Estado.
O acordo foi assinado entre o Ministério do Ambiente e a Câmara Municipal de Lisboa em 19 de novembro de 2016, passando assim toda a gestão da empresa para a responsabilidade da autarquia.