João Sousa já não é propriamente um novato. Nem na carreira, nem nas presenças em Grand Slams. E o primeiro foi há dez anos, curiosamente também em Roland Garros, quando perdeu com Marcel Granollers na ronda inicial em quatro sets. Daí para cá, foi três vezes à terceira ronda do Open da Austrália (entre um fantástico caminho em pares até às meias com Leonardo Mayer em 2019), chegou uma vez à quarta ronda de Wimbledon, atingiu também uma vez a quarta ronda do US Open. No Major francês, tinha conseguido por quatro vezes passar o jogo inicial. Agora, alcançou a quinta. E sonhava fazer ainda um pouco mais.

Uma maratona que valeu a pena: João Sousa consegue voltar a vencer em Roland Garros após quatro horas e meia e está na segunda ronda

Depois de ter feito a melhor semana do ano em Genebra, onde só perdeu no tie break do terceiro e último set da final com o número oito do mundo, Casper Ruud – uma semana que, a nível de qualidade também pelo nível dos adversários, foi superior à que teve quando ganhou o Open de Pune em fevereiro –, o tenista português teve a melhor entrada em Roland Garros. O descanso não foi muito, o encontro até foi segundo o próprio o mais longo da carreira, mas no final venceu mesmo Tseng Chun-hsin em cinco sets depois de ter estado duas vezes em desvantagem. Cinco anos depois, a Meca da terra batida deixava de ser o tabu em que se tinha tornado a partir de 2017, quando foi somando derrota atrás de derrota no jogo inicial.

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Foi quase mas não chegou: João Sousa perde com Casper Ruud e deixa fugir ATP 250 de Genebra

“Jogar logo a seguir a uma final? Faz parte do ténis. Sei que o quinto título escapou por pouco, por três pontos, diante de um top 10. Mas as ilações que tiro positivas é que mais tarde ou mais cedo o ténis dá-me aquilo que me tira. Tenho de acreditar em mim e voltar a trabalhar. Passei por momentos muito difíceis nos últimos anos mas agora tenho desfrutado muito. Atrevo-me a dizer que na semana passada, aos 33 anos, joguei o melhor ténis da minha vida. Depois de tudo o que passei, de ter tido muitas dúvidas e de várias coisas me terem passado pela cabeça, é um motivo de orgulho. Foi a melhor semana da minha carreira a par do Estoril Open em termos de nível”, comentou após o triunfo o jogador vimaranense.

João Sousa encontrara antes nomes de peso do ténis mundial na segunda ronda de Roland Garros, como Feliciano López (2013), Andy Murray (2015) ou Novak Djokovic (2017). Agora, no court 13 do complexo parisiense, teria pela frente o italiano Lorenzo Sonego, 35.º do ranking mundial (João Sousa partia esta semana na 63.ª posição) que eliminara antes o alemão Peter Gojowczyk por 6-2, 6-2 e 6-1. E até havia um empate entre ambos nos dois duelos anteriores, com vitória do português em 2016 na primeira ronda do Open de Roma e triunfo do transalpino na ronda inicial do Open de Antalya em 2019. De novo com muito apoio dos portugueses que já tinham marcado presença no encontro frente a Tseng Chun-hsin, o jogador que chegou a ocupar o 28.º lugar da hierarquia ATP em 2016 tentava prolongar aquela que tem sido a melhor semana da carreira e juntar a isso o feito histórico de chegar à terceira ronda em Paris.

O primeiro ponto do jogo foi para João Sousa mas o início não poderia ser mais atípico, com altos e baixos até ao tie break num set inicial que esteve na iminência de fugir às vantagens: Sonego fez logo o break no 1-0, segurou o seu serviço de seguida, o português respondeu com três partidas seguidas a fazer o 3-2 com o seu serviço em branco, houve mais duas quebras de serviço seguidas e, com uma vantagem de 6-5, João Sousa teve quatro set points no serviço do transalpino que não conseguiu capitalizar, perdendo depois por 7-4 à semelhança do que acontecera no encontro inaugural em Roland Garros com Tseng Chun-hsin. O vimaranense cometeu metade dos erros não forçados do adversário mas esteve pior nas percentagens de primeiro serviço e pontos conseguidos no primeiro serviço, além dos pontos de break desperdiçados.

Esse acabou por ser um momento importante do jogo, com Sonego a aproveitar a confiança da vitória no primeiro set para começar o segundo com uma vantagem de 3-0 a quebrar o serviço do português, que só esboçou uma possível reação na sétima partida quando levou tudo paras as vantagens mas não impediu o 5-2 do italiano, que fechou depois com 6-3 entre uma paragem para assistência ao português que mostrava sinais do desgaste dos últimos dez dias de competição. No terceiro parcial, Sousa evitou dois breaks no jogo inicial mas viu mesmo o serviço quebrado, começando com desvantagem de 2-0 e não conseguindo concretizar os dois pontos de break que teve no sexto jogo para empatar tudo a três, perdendo por 6-4 depois de ter ficado mais uma vez sem o seu serviço mas de ter feito ainda um break para 5-3 a Sonego.