Era a teoria do copo meio cheio e meio vazio. Por um lado, João Sousa, o único português ainda no quadro de singulares depois da eliminação de Nuno Borges na primeira ronda (ainda assim histórica, por ter sido a primeira vez que participou num qualifying e chegou ao quadro principal de um Grand Slam), vinha com a motivação de uma das melhores semanas do ano em Genebra que só não foi perfeita pela derrota no tie break do terceiro set da final frente ao número oito do mundo, Casper Ruud; por outro, houve um desgaste extra nessa partida com o norueguês além daquela sensação de uma vitória que chegou a parecer estar na mão mas se evaporou no final. Era a resposta entre um e outro cenário que se jogava esta terça-feira em Roland Garros e o português não podia ser mais afirmativo: vitória em cinco sets e segunda ronda.

Foi quase mas não chegou: João Sousa perde com Casper Ruud e deixa fugir ATP 250 de Genebra

Esta foi a primeira vitória do português no Grand Slam francês desde 2017, quando ganhou a Janko Tipsarevic na primeira ronda e caiu no jogo seguinte contra um senhor chamado Novak Djokovic, que na altura chegava como cabeça de série número 2 atrás de Andy Murray e que caiu nos quartos com Dominic Thiem. Daí para cá, foram derrotas a abrir com Guido Pella (2018), Pablo Carreño Busta (2019), Andrej Martin (2020) e Taylor Fritz (2021). O português vai agora tentar a primeira qualificação de sempre para a terceira ronda de Roland Garros, após ter chegado ao segundo jogo por quatro ocasiões entre 2013 e 2017.

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João Sousa bateu Tseng Chun-hsin, 110.º do ranking mundial, em cinco sets num encontro com quase quatro horas e meia, com os parciais de 6-7 (7-5), 6-1, 4-6, 6-1 e 6-4. O português vai agora defrontar o italiano Lorenzo Sonego, 35.º do ranking mundial que tem como melhor resultado este ano em terra batida a meia-final do torneio de Buenos Aires. O transalpino ganhou ao alemão Peter Gojowczyk por 6-2, 6-2 e 6-1. Os jogadores já se defrontaram duas vezes, com uma vitória para Sousa em 2016 na primeira ronda do Open de Roma e um triunfo para Sonego em 2019 também na ronda inicial do Open de Antalya.

“É provavelmente o encontro mais longo da minha carreira. Já joguei alguns na Austrália, no US Open, mas este deve ter sido o mais longo. Tive poucos dias de adaptação e à semelhança da semana passada consegui competir muito bem, apesar de as sensações serem diferentes. As condições são outras, aqui a bola anda muito menos e é mais difícil de ser fiel ao meu jogo. Fiquei muito surpreendido com o nível dele. Sabia que ele tinha sido um muito bom júnior mas ele superou as minhas expectativas. Tentei ser eu a comandar os pontos, mas no quinto set as coisas podiam ter caído para qualquer um dos lados. Não era fácil este encontro, joguei uma final de três horas há dois dias e pensava que vinha em condições físicas desfavoráveis mas senti-me muito bem. Estive sempre mentalmente muito agarrado, senti sempre que podia dar a volta e felizmente consegui”, comentou o português após o encontro.

“Jogar logo a seguir a uma final? Faz parte do ténis. Sei que o quinto título escapou por pouco, por três pontos, diante de um top 10. Mas as ilações que tiro positivas é que mais tarde ou mais cedo o ténis dá-me aquilo que me tira. Tenho de acreditar em mim e voltar a trabalhar. Passei por momentos muito difíceis nos últimos anos, mas agora tenho desfrutado muito. Atrevo-me a dizer que na semana passada, aos 33 anos, joguei o melhor ténis da minha vida. Depois de tudo o que passei, é um motivo de orgulho. Foi a melhor semana da minha carreira a par do Estoril Open em termos de nível”, acrescentou João Sousa.