24 de maio de 2022. Na manhã de terça-feira, começavam as primeiras ações que levariam ao desfecho trágico de Salvador Ramos. O dia começava cedo, às 5h43 da manhã, com uma troca de mensagens com uma jovem que conhecera apenas online. “Estou quase”, escreveu o jovem de 18 anos a uma rapariga cuja identidade ainda não é conhecida.
O evento que acabou com a vida de Salvador Ramos não foi um ato espontâneo, mas antes algo preparado com antecedência, como relata o El Mundo. Ainda não é possível detalhar se houve algum episódio que desencadeou esta atitude num jovem “tímido”, com poucos amigos, que sofreu bullying pela sua gaguez e por se vestir com roupa feminina. No entanto, o primeiro alerta ocorreu há mais de uma semana.
Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre o acesso às armas nos EUA.
Um maior controlo das armas poderia impedir mais massacres nos EUA?
16 de maio
Neste dia, Salvador Ramos fez 18 anos. Nos dias seguintes ao seu aniversário, comprou duas espingardas semiautomáticas, embora no Texas a idade mínima para adquirir armas de fogo seja de 21 anos. Tê-las-á guardado na casa da avó, onde vivia, escondendo-as dos familiares. Para adquirir o armamento, o jovem terá reunido algumas poupanças após ter trabalhado num restaurante de fast food.
21 de maio
Com o cabelo grande, com botas militares e vestido de preto. Salvador Ramos publicou algumas selfies no Instagram, rede social em que era particularmente ativo. Neste dia, ainda partilhou uma story em que se via o jovem a discutir com a mãe, Adriana Reyes, e também fotografias em que mostrava as duas espingardas semiautomáticas que havia adquirido nos dias anteriores. Terá sido aí que começou a contactar a jovem com quem trocou mensagens no dia do ataque. “Vais partilhar as fotografias das minhas pistolas”, ordenou.
24 de maio, madrugada e início da manhã
Na madrugada de terça-feira, o dia começou com a referida troca de mensagens através das redes sociais. Na sua conta pessoal do Facebook, Salvador Ramos publicou algo que preconizava o que estaria para acontecer: “Vou matar a minha avó”. E quase se concretizou: Salvador Ramos disparou contra a face da avó, deixando-a gravemente ferida e com o prognóstico reservado. “Matei a minha avó”, escreveu o jovem de 18 anos também no Facebook antes de fugir de casa.
Depois de ver o neto sair de casa, e apesar da gravidade dos ferimentos, a avó ainda conseguiu avisar as autoridades do que tinha acontecida.
24 de maio, final da manhã
Pouco após a fuga, Salvador Ramos ainda teve tempo para vestir um colete à prova de balas e para fazer outra publicação no Facebook: “Vou fazer um massacre numa escola primária”. Mesmo antes de chegar ao estabelecimento de ensino, o jovem de 18 anos despista-se e sai da carrinha, deixando uma das espingardas perdidas.
A polícia já tinha localizado o atacante, mas Salvador Ramos conseguiu entrar no edifício. Ao chegar a uma sala de aula, dispara contra o máximo de crianças que consegue. As autoridades foram obrigadas a partir as janelas para conseguir entrar no local e atirar contra o jovem de 18 anos.
24 de maio, início da tarde
Após a morte de Salvador Ramos, começam a surgir as primeiras notícias e a escola, bem como as autoridades, iniciam o processo de notificação das famílias do ocorrido. Inicialmente, a informação veiculada é que havia dois feridos na sequência do tiroteio, mas cedo se percebeu que havia vítimas mortais e vários feridos — o último levantamento dá conta de 21 mortos.