A investigadora Raquel Seruca, considerada uma referência mundial no estudo do cancro gástrico, morreu aos 59 anos, informou o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto, esta segunda-feira.

Raquel Seruca, natural do Porto, era vice-diretora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e líder do grupo “Epithelian Interactions in Câncer” no i3S.

Numa nota de pesar, o diretor do i3S, Claudio Sunkel, disse que Raquel Seruca era “uma grande cientista e uma amiga de longa data”.

Conheci a Raquel logo após a minha vinda para Portugal e ficámos amigos rapidamente. Publicámos juntos já nessa altura e continuamos a partilhar sonhos e desejos para o futuro da investigação científica em Portugal ao longo de mais de três décadas”, lembrou o responsável.

Foi investigadora no IPATIMUP e posteriormente no i3S, onde liderou um grupo de investigação dedicado ao estudo do cancro gástrico, área em que “realizou inúmeras contribuições de grande relevância, muitas das quais resultaram em aplicações clínicas”.

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Ao longo da sua carreira obteve vários prémios entre os quais, o mais recente, o prémio ACTIVA Mulheres Inspiradoras de Ciência 2021 pelo seu contributo no desenvolvimento do projeto do Porto Comprehensive Cancer Centre.

Teve também um papel “muito ativo” a nível internacional em consórcios de “grande relevo” no estudo do cancro gástrico e colaborou com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e, mais recentemente, na implementação da Agência de Investigação Clínica e Inovação Biomédica (AICIB).

Segundo a informação do i3S, a investigadora “publicou mais de 250 artigos científicos e foi uma das cientistas portuguesas mais citadas pela comunidade científica”.

“Uma mulher de garra, frontal e de grandes convicções, a Raquel contribuiu com grande generosidade para a implementação do projeto i3S e será sempre recordada com grande carinho e estima […] Em nome do i3S, e penso que de toda a comunidade científica, gostaria de dar os meus sinceros pêsames à família e a todos os seus amigos”, referiu Claudio Sunkel.

O funeral de Raquel Seruca realiza-se na terça-feira, às 15h00, na Igreja de Cedofeita.

 UP lembra “estraordinário contributo” para a ciência

A Universidade do Porto (UP) manifestou o seu pesar pela morte da investigadora Raquel Seruca, lembrou o seu “extraordinário contributo” para a ciência portuguesa e destacou os “avanços significativos” no estudo e tratamento do cancro.

Como reitor, quero manifestar o reconhecimento da UP pelo admirável percurso académico e científico da professora Raquel Seruca, a quem prestamos a nossa sentida homenagem”, afirmou António de Sousa Pereira, citado em comunicado.

Raquel Seruca, que morreu aos 59 anos, era vice-diretora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP) e líder do grupo “Epithelian Interactions in Câncer” no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S).

O reitor da UP lembrou o “extraordinário contributo que, ao longo de mais de 30 anos, a professora Raquel Seruca deu à ciência portuguesa, à Universidade do Porto, à sua Faculdade de Medicina (FMUP) e aos seus institutos de ciências da saúde IPATIMUP e i3S.

A professora Raquel Seruca foi uma das mais brilhantes cientistas portuguesas de sempre, tendo contribuído, com o seu notável trabalho de investigação genética, para avanços significativos no estudo e tratamento do cancro. Era, de resto, uma referência mundial na investigação do cancro gástrico”, salientou ainda António Sousa Pereira.

A investigadora obteve a licenciatura em Medicina em 1986 e o doutoramento em 1995, na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, e realizou um pós-doutoramento na Universidade de Groningen, Países Baixos, em 1998.

Na nota de pesar, a UP referiu que Raquel Seruca “desenvolveu uma carreira científica profusa e muito prestigiante, que extravasou fronteiras e projetou a ciência portuguesa internacionalmente”.

Disse ainda que a investigadora foi “coautora de mais de 150 artigos publicados em revistas internacionais e teve cerca de 5.000 citações, participou em importantes projetos científicos europeus, recebeu prestigiados prémios e distinções e representou a ciência portuguesa em organizações europeias de referência”.

Enquanto líder do grupo de investigação sobre genética do cancro no IPATIMUP (atualmente integrado no i3S), Raquel Seruca deixou uma “marca indelével de dedicação, competência, saber e generosidade”.

“Várias gerações de investigadores que trabalharam e conviveram com a professora Raquel Seruca foram contagiadas pela sua vitalidade, otimismo e perseverança, traços de caráter que colocou ao serviço da ciência e que vão certamente ficar guardados na memória da nossa comunidade académica”, acrescentou António Sousa Pereira.

A UP manifestou o seu pesar pelo desaparecimento da docente e investigadora e apresentou as suas condolências à família, amigos e colegas.