O Governo etíope defendeu esta terça-feira uma incursão armada do Exército eritreu no norte da Etiópia, onde autoridades federais travam há mais de dois anos uma guerra contra forças da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF, na sigla inglesa).

“A TPLF instigou os combates na fronteira com o Exército da Eritreia (…) para criar um conflito entre a Etiópia e a Eritreia, mas isso não vai acontecer”, disse o ministro dos Serviços de Comunicação do Governo Federal, Legesse Tulu, numa conferência de imprensa em Adis Abeba.

Na segunda-feira, a TPLF acusou as Forças Armadas da Eritreia de terem atacado zonas da região norte de Tigray no sábado e domingo, incluindo bombardeamentos contra a cidade de Sheraro, na fronteira com a Eritreia.

“A TPLF obteve importantes vitórias militares, com centenas de soldados eritreus mortos e feridos e quatro prisioneiros de guerra”, reivindicaram os rebeldes Tigray, num comunicado.

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O porta-voz da TPLF, Getachew Reda, disse na sua conta de rede social Twitter que a intervenção militar da Eritreia em solo etíope era uma tentativa para sabotar os esforços para uma solução pacífica para o conflito.

“Está claro que o regime não vai parar por nada para arrastar a região (do Tigay) para um conflito sem fim e sabotar um esforço real ou percebido pela paz”, escreveu Getachew.

A guerra começou a 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ordenou uma ofensiva contra a TPLF – o partido que governava a região – em resposta a um ataque a uma base militar federal e após uma escalada de tensão política.

A Eritreia está envolvida na guerra colaborando com o governo federal etíope e os seus militares foram acusados de graves violações de direitos humanos.

A 24 de março, o governo etíope declarou uma “trégua humanitária indefinida”, pondo fim a um “bloqueio de facto” que Tigray sofria há meses, segundo a ONU.

A TPLF anunciou mais tarde uma “cessação das hostilidades” sujeita ao cumprimento dessa trégua.

Desde então, algumas organizações, como o Programa Alimentar Mundial ou o Comité Internacional da Cruz Vermelha, conseguiram retomar suas as atividades de distribuição de ajuda humanitária na região.