Boris Johnson conseguiu sobreviver à moção de censura interna, mas o futuro não se adivinha fácil para o primeiro-ministro britânico, tendo em conta as capas dos jornais do Reino Unido desta terça-feira. Uns sublinham que “a festa acabou” para Johnson, que chega a ser classificado como um “pinóquio”. E há ainda os que falam numa “humilhação” e num “ataque brutal”.

O Metro e o The Mirror usam a mesma expressão: “The party’s over, Boris” (numa tradução literal: “A festa acabou, Boris”). A frase tem um duplo sentido. Por um lado, remete para as festas (party) que o primeiro-ministro realizou com outros funcionários do governo e do Partido Conservador durante a pandemia, que deram origem ao caso Partygate (precisamente um dos casos que motivou a moção de censura).

Por outro lado, alude ao partido (party), que está agora dividido — isto porque, entre 359 deputados conservadores, 211 votaram a favor da permanência de Johnson na liderança do partido e 148 contra. Ou seja, a diferença foi de 63 votos.

O Metro sublinha, aliás, que embora Boris Johnson tenha sobrevivido à votação, 41% dos deputados do seu partido disseram-lhe que “é hora de ir embora“. E o Mirror estampa: “Johnson sofre um ataque brutal por 148 dos seus próprios deputados… e é avisado que vai embora dentro de um ano”.

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O Daily Star imprime na cara de Johnson um nariz de pinóquio. “Continua, Pinóquio”, escreve o jornal, que não fica por aí: O “mentiroso” Johnson “sobrevive para mentir mais um dia”.

Já o The Guardian escreve que Boris Johnson “agarra-se ao poder depois de humilhação no voto”.

O The Telegraph, por sua vez, fala numa “vitória oca” que divide os tories, enquanto o The Times apelida Boris Johnson como um “vencedor ferido”.

O tablóide The Sun também faz um trocadilho, ao chamar à votação desta segunda-feira a “noite das facas loiras”, numa alusão à noite das facas longas (em que membros do partido Nazi apoiantes de Hitler mataram dezenas de militantes que a cúpula do partido, incluindo Hitler, considerava dispensáveis e um entrave às ambições políticas do ditador).