O primeiro-ministro português, António Costa, voltou a defender esta terça-feira que a adesão da Ucrânia à União Europeia não deve ser prioritária, sugerindo que possam ser alcançados outro tipo de acordos, para evitar “frustrações” e “falsas expectativas”, à semelhança do que aconteceu com alguns países dos Balcãs Ocidentais e da Turquia.
Sublinhando que não há “unanimidade” neste tema dentro da União Europeia (UE), Costa defende que devem ser procuradas alternativas, para não criar “falsas expectativas” aos ucranianos. “Por que não garantimos a liberdade de circulação [aos ucranianos]?”, sugeriu o primeiro-ministro. “Por que não levantamos essas barreiras, permitindo uma maior integração da economia ucraniana no mercado comum?”
Em declarações aos jornalistas em Haia, onde o primeiro-ministro está na cimeira preparatória do encontro da NATO de 28 de junho, o primeiro-ministro português defendeu que discutir o estatuto de Estado candidato não deve ser o foco neste momento: “Nós levámos nove anos para entrar na CEE. Os ucranianos precisam de respostas daqui a nove anos ou precisam de respostas imediatas?”, questionou, acrescentando que o foco deve estar no apoio financeiro, militar, humanitário e político.
É difícil falar da Ucrânia sem ser com uma enorme carga emocional”, reconheceu o primeiro-ministro, sublinhando a situação que viu pessoalmente em Irpin. “Mas temos de pensar para lá das emoções.”
António Costa deu ainda os exemplos da situação de vários países dos Balcãs Ocidentais que são candidatos à UE há alguns anos, dizendo que produziu “frustrações”. “A última coisa que o povo ucraniano merece é frustração”, disse, defendendo que é preciso evitar “criar falsas expectativas” — expressão que já tinha utilizado esta semana, em declarações feitas ao jornal Financial Times.
“Há muita gente que entende que o facto da Turquia ter o estatuto de candidato de uma forma inconsequente há mais de 50 anos explica muito da involução que existiu na Turquia”, ilustrou o primeiro-ministro português. “Todos os compromissos que Portugal assumiu com a Ucrânia cumpriu e vai cumprir. Espero que os outros façam o mesmo.”