O ministério da Defesa da Ucrânia referiu nesta terça-feira que Kiev recebeu “cerca de 10% das armas” pedidas aos países ocidentais para combater as forças russas no terreno, em especial na região do Donbass, no leste.

“Das armas que precisamos, recebemos cerca de 10%”, realçou a vice-ministra da Defesa, Anna Maliar, em declarações à televisão ucraniana.

“Não importa os esforços feitos pela Ucrânia, não importa o quão profissional é o nosso Exército. Sem a ajuda dos parceiros ocidentais, não seremos capazes de vencer esta guerra“, acrescentou.

A governante defendeu ainda que “devem ser definidos prazos claros [de entrega]”, porque “cada dia de atraso é mais um dia contra a vida dos soldados ucranianos e do povo”.

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“Não podemos esperar muito, porque a situação é muito difícil”, sublinhou Anna Maliar, referindo em particular o Donbass, no leste da Ucrânia, onde Moscovo está a progredir pouco a pouco ao longo das últimas semana, estando agora praticamente no controlo da região de Lugansk.

Também o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tinha novamente instado o Ocidente a enviar “mais rápido (…) mais armas e equipamentos militares”, apontando que “os russos têm dez a cem vezes mais [equipamento]”.

Durante uma videoconferência com jornalistas dinamarqueses, Zelensky precisou que o Exército ucraniano “não tem armas de longo alcance” e “veículos blindados” em número suficiente.

“A velocidade para reconquistar os territórios ocupados depende na verdade da ajuda e das armas” enviadas pelo Ocidente, insistiu o chefe de Estado da Ucrânia, assegurando que com mais armas as forças ucranianas “podem avançar”.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de mais de 15 milhões de pessoas de suas casas — mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou que 4.432 civis morreram e 5.499 ficaram feridos na guerra, que entrou no seu 111.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.