Portugal registou nas primeiras duas semanas de junho uma mortalidade bem acima do normal, calculando-se um “excesso de mortalidade” na ordem dos 26% em relação aos números médios de mortes diárias entre 2009 e 2019. Segundo os dados citados esta sexta-feira pelo jornal Público, as mortes atribuídas à Covid-19 explicarão cerca de metade do excesso de mortalidade e a DGS salienta as temperaturas anormalmente elevadas – porém, estes fatores não explicam tudo.

De 2009 a 2019 foram registados, em média, 3.652 óbitos entre 1 e 14 de junho, o que resulta numa média de 281 mortes por dia. Este ano, no mesmo período de duas semanas, somaram-se 4.973 mortes, um ritmo de 355 por dia — ou seja, um aumento de 26%. Os dados citados pelo Público indicam, também, que em relação a 2021, a mortalidade na primeira quinzena de junho aumentou 30%.

As vítimas da pandemia explicarão parte do fenómeno. De acordo com os dados oficiais transmitidos pela Direção-Geral da Saúde (DGS), na semana de 1 a 6 de junho Portugal registou uma média de 42 mortes diárias atribuídas à Covid-19. Por outro lado, a diferença de mortalidade diária de 2022 para a média diária de 2009 a 2019 é de 71 óbitos na semana de 1 a 6 de junho, ou seja, as mortes por Covid-19 estão associadas a pouco mais de metade do excesso de mortalidade na primeira semana do mês.

Em resposta às perguntas enviadas pelo Público, a DGS junta o “aumento da mortalidade específica” por Covid-19 ao “aumento da temperatura média do ar”, com a DGS a relembrar que este indicador tem estado “acima do normal para esta época do ano”. A demógrafa Maria João Valente Rosa, citada pelo jornal, admite que a pandemia e o calor estarão entre as principais causas para o excesso de mortalidade mas é uma das especialistas que pedem um estudo mais aprofundado, porque junho está, no fundo, a continuar a tendência dos meses anteriores.

“As questões climatéricas e outros fatores podem ajudar a explicar minimamente por que razão é que março foi um mês tão mau [nos números da mortalidade]”, afirma, notando que “adiou-se um bocadinho a verdadeira questão”: “o que acontece, e para o que não consigo encontrar grandes razões, para já, é que voltou a verificar-se em abril e em maio, e junho também não está a dar sinais de abrandamento”.

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