O governo angolano vai investir 2,2 mil milhões de dólares (cerca de 2 mil milhões de euros) num complexo industrial de fertilizantes que resulta de um consórcio com a Opaia e Sonagás, subsidiária da Sonangol, a concluir em 2026.

O complexo industrial de fertilizantes do Soyo, cuja primeira pedra será lançada a 28 de junho, será a primeira unidade do género construída em Angola e na África Austral e Central, concebida para a produção de ureia granulada, segundo um comunicado dos promotores.

Até agora, apenas Nigéria, Gabão e Egito dispõem de fábricas de fertilizantes em África.

Em declarações à Lusa, o coordenador do projeto e diretor da Opaia Indústria, Adriano Lamas, adiantou que o desembolso do empréstimo, financiado por um consórcio de bancos liderado pelo Afreximbank, vai ser feito ao longo dos quase quatro anos de construção do complexo, cuja conclusão está prevista para o terceiro trimestre de 2026.

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A fábrica terá capacidade para produzir 3.500 toneladas de ureia por dia, permitindo suprir as necessidades do mercado nacional.

Parte da produção será destinada a mercados externos preferenciais, sobretudo da região africana, mas poderá chegar também a outras áreas do globo como a América latina, revelou o responsável.

Segundo Adriano Lamas, a fábrica irá criar 3.200 postos de trabalho, na fase de construção, e 1.500 na fase de produção, diretos e indiretos.

A ureia é um composto químico na forma de cristais brancos que possui maior conteúdo de nitrogénio (46%) solúvel em água.

Além disso, os nitratos não se acumulam na cultura, permite crescimento rápido da massa vegetativa, aumenta o rendimento das culturas e o teor de proteína nos grãos de cereais, sendo um fertilizante amigo do ambiente que não acidifica o solo, refere a nota.

O projeto visa atender ao objetivo de suprir o défice de 1.200 mil toneladas de fertilizantes apenas na região da África Austral que inclui 15 países: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Madagáscar, Maláui, Ilhas Maurícias, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué.

O Afreximbank, uma instituição financeira multilateral pan-africana, conta também com a consultoria técnica da Saipem, que esteve envolvida numa iniciativa similar na Nigéria, para este projeto.